Ford aprova adesão ao PPE, reverte demissões e encerra greve no ABC
Após a Mercedes-Benz e a Volkswagen, a Ford é a terceira montadora de veículos do país a aderir ao programa de proteção ao emprego (PPE) para reduzir jornada e custos trabalhistas e, com isso, evitar demissões em meio a uma das mais graves crises já enfrentadas pela indústria automobilística.
Nos três casos, os acordos foram fechados em fábricas no ABC paulista, onde o sindicato dos metalúrgicos foi um dos maiores apoiadores da criação do programa.
A adesão ao PPE na unidade da Ford em São Bernardo do Campo (SP) - que monta carros, do modelo Fiesta, e caminhões - foi aprovada pelos operários em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira, anulando assim as demissões de 203 trabalhadores, ou 5% do efetivo de 4,3 mil funcionários, anunciadas na semana passada e dando fim à greve contra esse corte iniciada há oito dias.
Acertada nessa quinta-feira em reunião que durou cerca de 12 horas entre a montadora e o sindicato, a proposta reduz em 20% a jornada de trabalho na fábrica, o que, na prática, permite à empresa paralisar toda a produção quatro dias por mês. A Ford deixa de pagar pelas horas não trabalhadas.
Para o operário, porém, a perda salarial cai pela metade - ou seja, para 10% - em razão da complementação feita pelo governo com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Segundo o sindicato, essas condições começam a valer em janeiro, quando a Ford planeja reduzir ainda mais o ritmo das linhas. Serão válidas por seis meses, prorrogáveis por mais seis. Em contrapartida, a montadora fica proibida de demitir de forma arbitrária ou sem justa causa por 8 meses, ou 16 se o acordo for renovado.
Contudo, como a ociosidade do parque industrial supera a redução de jornada prevista pelo PPE, a Ford, em paralelo ao programa, vai, a partir de janeiro, afastar da produção mais 150 metalúrgicos em esquema de suspensão temporária do contrato de trabalho ("layoff"), que consiste na suspensão temporária dos contratos de trabalho. Diferentemente do PPE, esses operários deixarão de comparecer ao trabalho por até cinco meses, passando nesse período por cursos de qualificação profissional.
Também ficou decidido que a montadora vai renovar por mais cinco meses o "layoff" de outra turma de 160 operários que deveria regressar à fábrica em outubro, conforme informa o sindicato. A montadora ainda não comentou o acordo.
Programa de demissões
Além da adesão ao PPE, a partir de janeiro, o acordo trabalhista inclui a abertura de um plano de demissões voluntárias (PDV) no dia 24, para reduzir o excesso de mão de obra na unidade. O plano ficará aberto até 9 de outubro.
Ao confirmar o acordo em nota encaminhada à imprensa, a Ford disse que seguirá usando "todas as ferramentas possíveis" para minimizar o impacto da forte queda na demanda por veículos sobre a força de trabalho.
Segundo a montadora, o PPE acertado hoje vai atingir todos os empregados da unidade de São Bernardo do Campo, bem como escritórios regionais de vendas.
A empresa adianta ainda que pretende usar o PPE no limite, incluindo todos os 12 meses previstos pelo programa, período no qual a fábrica vai reduzir a jornada de trabalho em 20%, com impacto de 10% nos salários dos trabalhadores.
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