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Juros futuros recuam com ajustes de apostas voltadas ao Copom

05/01/2016 16h40


As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F, refletindo uma correção dos prêmios de risco na curva de juros, com o mercado ajustando as apostas a duas semanas da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2016. Fluxos pontuais de recursos para renda fixa ainda contribuíram para a queda das taxas dos contratos com prazos mais longos, apesar do cenário de cautela no mercado internacional.

O DI para janeiro de 2017 caiu de 15,76% para 15,61%, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 16,8% para 16,22%. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 16,58% para 16,23%.

Com a aproximação do Copom, investidores discutem se o BC está decidido a retomar o ciclo de aperto monetário já na próxima reunião de janeiro. Esse debate ganhou força com a matéria publicada nesta terça-feira no Valor , do jornalista Alex Ribeiro, em que ele afirma que, apesar de o mercado financeiro dar como certa uma alta de juros neste mês, a decisão do Banco Central (BC) deve ser encarada como ainda "em aberto".

Ele lembra que o diretor de Política Econômica do BC, Altamir Lopes, reafirmou em dezembro a disposição da autarquia em usar os instrumentos disponíveis - leia-se Selic - para impedir que a inflação supere o teto da meta em 2016. Mas na ocasião o diretor do BC também fez uma ponderação nova ao dizer que "esses instrumentos serão usados quando e se o Copom julgar necessário".

Para o economista-sênior do Haitong Brasil, Flavio Serrano, a postergação da retomada do ciclo de aperto monetário pelo BC neste momento seria vista como um sinal negativo para o mercado, que poderia levar a uma piora das expectativas de inflação e colocaria em xeque a própria comunicação da autoridade monetária. "Em função de toda a comunicação recente do BC, essa dúvida [se ele vai elevar ou não a taxa Selic em janeiro] não deveria existir", diz.

Para Serrano, é importante o BC promover um ajuste da Selic já na reunião de janeiro, marcado para os dias 19 e 20, para evitar uma piora das expectativas e o estouro do teto da meta novamente neste ano. "Se olharmos para os elementos que influenciam as expectativas de inflação, como a inflação corrente, a política monetária, a atividade e o câmbio, todos eles apontam para um risco de inflação para cima e não para baixo."

A projeção, no cenário de referência do BC no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), apontava para um IPCA a 6,2% em 2016 e 4,8% em 2017, com um câmbio a R$ 3,90. O BC tem repetido que o comitê adotará as medidas necessárias para trazer a inflação o mais próximo possível de 4,5% em 2016, circunscrevendo-a aos limites da meta, e buscar a sua convergência para 4,5% em 2017.

Na curva de juros, a maior probabilidade é de uma alta de 0,5 ponto da Selic na reunião de janeiro, com um aperto total de 2,5 pontos em 2016.

Apesar da dúvida sobre o início e a duração do próximo ciclo de aperto monetário, as taxas de juros longas, mais sensíveis a uma deterioração das expectativas, acabaram recuando diante do fluxo pontual de recursos para renda fixa.