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Juros futuros recuam após ata do Copom reduzir chance de alta da Selic

28/01/2016 16h51


Os juros futuros recuaram na BM&F nesta quinta-feira reagindo à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento trouxe um tom mais "dovish"(favorável ao afrouxamento monetário) e reforçou a expectativa de que a o Banco Central não deve subir a taxa básica de juros neste ano, com alguns economistas não descartando o risco de corte da taxa Selic dependendo da evolução da atividade econômica.

O DI para janeiro de 2017 caiu de 14,7% para 14,475%, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 15,51% para 15,20%. Já o DI para 2021 caiu de 16,44% para 16,21%.

O BC reiterou na ata o seu objetivo de levar a inflação abaixo de 6,5% em 2016 e chegar a 4,5% em 2017, mas agora argumenta que contração maior da economia doméstica e as incertezas do cenário externo, combinados com os ajustes da política monetária implementados até então, devem fortalecer o cenário de convergência de inflação para meta, o que reforçou a expectativa dos economistas de que a autoridade monetária deve manter a taxa Selic estável neste ano. "O Banco Central está, de certa forma, satisfeito com a trabalho feito até aqui dado o cenário de contração maior da economia doméstica, e as incertezas no cenário externo", afirma Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.

O Itáu Unibanco chama a atenção para a retirada da expressão "especialmente vigilante" da frase "cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante", o que não indica uma urgência no combate imediato da inflação e reforça a expectativa de manutenção da taxa de juros.

O BC destacou na ata que as incertezas em relação ao cenário externo se ampliaram, vendo uma crescente preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos sobre os preços do petróleo. Para Kawall, na visão do Banco Central, o cenário externo passa a ter uma contribuição desinflacionaria que, combinada com aumento do hiato do produto [a distância que separa o PIB efetivo do potencial] no mercado doméstico, faz com que a projeção de inflação no cenário de referência dele esteja "ligeiramente" acima da meta, de 4,5%, em 2017.

Isso abriria espaço, segundo Kawall, para o BC cortar a taxa de juros a partir da reunião de outubro, com a taxa Selic encerrando o ano em 13,25%. "Vamos entrar em 2017 no quarto ano em que a economia não cresce, com o hiato do produto muito aberto", afirma.

O dado de emprego divulgado hoje pelo IBGE contribuiu para fortalecer as apostas de que o BC não deve retomar o aperto monetário nste ano. A taxa de desemprego nas seis grandes regiões metropolitanas caiu para 6,9% em dezembro, segundo Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Apesar da queda em relação a taxa de 7,4% registrada em novembro, a taxa de desemprego está no mais alto patamar para o mês desde 2007.

Na curva a termo, o mercado embute hoje a probabilidade de uma alta de no máximo 60 pontos-base da Selic neste ano. Na semana passada, essa precificação chegou a superar 100 pontos.

Já na parte mais longa da curva de juros, a menor aversão a risco no exterior, diante da possibilidade do Federal Reserve postergar novas altas de juros no curto prazo, reforçada por dados mais fracos que os esperado da economia americana divulgados hoje, contribuiu para queda das taxas.