Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Aposta de impeachment ganha força e dólar fecha a semana em queda

04/03/2016 17h56

O dólar teve mais um dia de queda frente ao real, sustentada pelo aumento das apostas em um impeachment da presidente Dilma Rousseff, após notícias no cenário político local, e pelo ambiente mais favorável para ativos emergentes.

A moeda americana chegou a ser negociada a R$ 3,6540 na mínima intradia, após a notícia de que a Polícia Federal cumpriu mandado de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da investigação da Operação Lava-Jato. Mas reduziu as perdas no fim da tarde, com o real fechando em linha com os demais pares emergentes lá fora.

O dólar comercial caiu 1,08%, encerrando a R$ 3,7592, menor patamar desde 9 de dezembro de 2015. Com isso, a moeda americana cai 5,96% na semana, maior queda verificada em mais de 15 anos, acumulando desvalorização de 6,11% no mês e de 4,98% no ano.

O presidente Lula foi levado pela Política Federal para prestar esclarecimentos no âmbito da 24ª fase da Operação Lava-Jato, que inclui também um mandado de busca e apreensão no Instituto Lula.

O evento levou o mercado aumentar as apostas em um impeachment da presidente Dilma Rousseff, provocando forte queda do dólar. Isso dez disparar um movimento de "stop loss" (zeragem de perdas) no mercado de câmbio, com os investidores buscando reduzir as posições na moeda americana.

Apesar dos agentes do mercado verem um aumento das chances de impeachment da presidente Dilma, eles avaliam que ainda é cedo para montar uma posição estrutural comprada em real, dadas as incertezas sobre esse processo e dúvidas sobre a atuação do Banco Central no mercado de câmbio.

Para Daniel Tenengauzer, chefe de estratégia de emergentes e de estratégia global de moedas do RBC Capital Markets, uma eventual valorização adicional do real poderia levar o BC começar a desmontar o estoque em contratos de swap cambial, que hoje soma US$ 108,113 bilhões.

Hoje o BC fez a rolagem parcial dos 9.600 contratos de swap cambial ofertados no leilão, que venceriam em março, renovando apenas 8 mil contratos. O BC não fazia uma rolagem parcial desses papéis desde o fim de setembro, mês de extrema volatilidade nos mercados domésticos, quando o dólar bateu a máxima recorde de quase R$ 4,25.

Para analistas, a postura no leilão mostra que a autoridade monetária não deve deixar a moeda brasileira se apreciar rapidamente, uma vez que um dólar mais alto tem contribuído para o ajuste das contas externas.

Segundo Tenengauzer, o real pode até apresentar uma valorização adicional, com o dólar caindo para R$ 3,50 no caso de um impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas esse movimento não é sustentável, dados os fundamentos fracos do país e incerteza no mercado externo.

Lá fora, o dólar operava em que queda frente às principais moedas emergentes. Apesar da criação de vagas no mercado de trabalho nos Estados Unidos ter vindo acima da esperada, com a geração de 242 mil novos postos em fevereiro, o ganho salarial por hora trabalhada caiu 0,12% em fevereiro, enquanto a expectativa era de alta de 0,2%, o que reforçou as apostas de que o Federal Reserve deve adiar a próxima alta de juros nos Estados Unidos.

A moeda americana recuava 0,99% em relação ao dólar australiano, 2% diante do rand sul-africano e 0,70% frente ao peso mexicano.