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Juros futuros recuam após aprovação do impeachment na Câmara

18/04/2016 17h10

Os juros futuros recuaram na BM&F diante da expectativa de uma mudança de governo e de política econômica, após a Câmara aprovar ontem o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O processo segue agora para o Senado e os investidores já começam a discutir as possíveis primeiras medidas de um eventual governo de Michel Temer (PMDB).

A perspectiva de que uma mudança de governo vai melhorar a percepção de risco no mercado local e criará condições para a aprovação de medidas de ajuste fiscal levou os juros futuros a recuarem na BM&F, especialmente nos vencimentos mais longos.

O DI para janeiro de 2021 caiu de 13,04% para 12,85%, menor nível desde 5 de maio de 2015.

O Brown Brothers Harriman destaca, em relatório, que o real mais forte, sustentado em grande parte pelo otimismo dos investidores em relação a um novo governo, trouxe a inflação para baixo e abrirá espaço para o Banco Central cortar a taxa básica de juros, o que pode acontecer a partir de julho.

O BBH vê o lado fiscal como o maior desafio do Brasil, dado que a economia deve se contrair cerca de 4% neste ano. "A recessão é o fator primordial, e que deve persistir em 2017", aponta.

Crescem as apostas em um corte da taxa Selic para 13,5% no fim deste ano. O DI para janeiro de 2017 recuou de 13,60% para 13,485%. Pesquisa Focus divulgada hoje mostra que a mediana das projeções para a taxa Selic caiu de 13,75% para 13,38% para 2016 e ficou estável em 12,25% para 2017.

Já a mediana das projeções para inflação caiu de 7,14% para 7,08% para 2016 e de 5,95% para 5,93% para 2017.

O economista do Barclays, especialista em Brasil, Bruno Rovai, ainda vê espaço para uma queda maior das taxas de juros, especialmente dos contratos de curto prazo, mantendo a projeção de um corte da taxa Selic a partir de agosto, com o ciclo podendo ser maior com uma eventual mudança de governo. "Estamos prevendo uma taxa Selic a 13% no fim de 2016 e a 10,5% para o fim de 2017, mas o corte pode ser maior se houver uma desaceleração mais forte da inflação em novo governo", diz.

Rovai acredita que uma mudança de governo e a reversão de medidas como a expansão do crédito subsidiado via bancos podem contribuir para a queda da inflação, ainda que não veja espaço para grandes avanços na parte fiscal. Segundo ele, com um Congresso muito fragmentado, em função do grande número de partidos políticos, será difícil o novo governo conseguir uma expressiva redução da dívida bruta, que pode chegar a 90% do PIB até 2018.

Um novo rali dos ativos locais, no entanto, só deve acontecer quando medidas concretas forem anunciadas pelo possível novo governo, como a formação da equipe econômica. Nesse sentido, o anúncio de nomes pró-mercado podem levar os ativos locais a terem uma performance melhor, prevê Rovai.