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Juro futuro de longo prazo recua com aposta na demora para Selic cair

01/08/2016 18h51

Os juros futuros de longo prazo aprofundaram a queda nesta segunda-feira, movidos pelo cenário de inflação mais positivo traçado pela pesquisa Focus, divulgada na manhã de hoje. O que está movendo o mercado é a visão de que a taxa básica vai demorar mais para cair e, com isso, a inflação poderá ceder mais rapidamente. Elemento que explica a queda das estimativas na Focus, no mercado de títulos e na curva a termo, cuja inclinação está cada vez mais negativa.

A mediana das projeções para o IPCA em 2017 recuou para 5,20%, ante 5,29% na edição anterior, enquanto a estimativa para o IPCA em 2016 permaneceu em 7,21%. Entre os Top 5, as instituições que mais acertam, a projeção para o IPCA no ano que vem caiu ainda com mais força: a 4,97%, ante 5,29%.

Essa mudança de estimativas veio acompanhada de uma revisão nas previsões para o rumo da Selic: agora, economistas veem um corte mais modesto da Selic em outubro, de 0,25 ponto percentual, e não mais de 0,5 ponto. Já para 2017, a estimativa segue em 11% na mediana do mercado e em 11,25% entre os Top 5.

"É o efeito BC mais ?hawkish' (mais propenso ao aperto monetário) que está mexendo com o mercado", explica o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks. Ele trabalha com um IPCA de 5,10% para o ano que vem, projeção revisada logo após a divulgação do Relatório de Inflação do segundo trimestre, onde o BC reafirmou seu compromisso em levar a inflação para a meta no ano que vem. Para isso, ele acredita que a Selic começará a ser reduzida a partir de novembro, em vez de outubro, como considerava anteriormente.

Outro elemento que ajuda a aliviar o cenário de inflação é o câmbio mais apreciado. A própria Focus reflete isso: a estimativa para a cotação do dólar no fim de 2016 está agora em R$ 3,30, mas segue em R$ 3,50 para o fim de 2017. "O ambiente internacional mais favorável ao risco, com forte liquidez, reforça a perspectiva de um real mais valorizado do que se imaginava há algumas semanas", afirma um operador.

Os juros de curtíssimo prazo tiveram leve alta, enquanto os mais longos caíram. O DI janeiro/2017, por exemplo, fechou o pregão regular a 13,98%, de 13,97%. Já o DI janeiro/2018, o mais líquido, cedeu de 12,83% para 12,80%, enquanto o DI janeiro/2021 recuou de 11,98% para 11,93%.

Vale mencionar ainda que, hoje, o volume de negócios foi reduzido, como é típico para as segundas-feiras. O contrato mais negociado, com vencimento em 2018, tinha giro de 110.150 contratos. Em segundo lugar, o DI janeiro/2019 havia movimentado até o horário 106.325 contratos.