IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Dólar fecha na menor cotação em um ano com expectativa de fluxo

04/08/2016 17h31

Uma "tempestade perfeita" se formou contra o dólar nesta quinta-feira, derrubando a moeda ao menor patamar em um ano, abaixo de R$ 3,20.

No fechamento, a cotação caiu 1,41%, a R$ 3,1940, menor nível de encerramento desde 21 de julho de 2015, quando terminou a R$ 3,1728.

No mercado futuro, em que os negócios se encerram às 18h, o dólar para setembro cedia 1,32%, a R$ 3,2255.

As vendas se aceleraram perto do fim do pregão, com ação de estrangeiros, segundo operadores. Por trás desse movimento está a crescente percepção de que o Brasil deve receber um volume considerável de recursos passado o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, cuja expectativa de confirmação foi hoje fortalecida.

Operações de empresas entraram de vez no radar. Reportagem do Valor relata que pelo menos sete grupos nacionais e estrangeiros manifestam interesse firme nos aeroportos que o governo pretende colocar à iniciativa privada em dezembro. Ontem, a Vale captou US$ 1 bilhão via emissão de bônus, o que pode estimular operações de outras companhias.

Para o diretor de câmbio da Intercam, Jaime Ferreira, é difícil pensar que o real não vai se beneficiar adicionalmente do cenário que se coloca atualmente no mercado global: políticas monetárias mais frouxas no mundo desenvolvido, melhora de cenário interno e juro de dois dígitos no Brasil.

"O juro brasileiro é campeão. É difícil ir contra essa combinação de maior liquidez lá fora e cenário bom e juro alto aqui. Mais do que nunca os investidores querem e precisam rentabilizar os portfólios e o Brasil aparece como um mercado promissor para isso."

Um NDF (contrato a termo de moeda) de real com vencimento em dois meses rende, caso a taxa de câmbio fique estável no período, 13,4% ao ano. A mesma operação com lira turca retorna 8,8%; com rand sul-africano, 7,7%; e com peso mexicano, 3,8%.

Na véspera, dados do Banco Central mostraram que o Brasil voltou em julho a registrar entrada líquida de dólares, no melhor resultado para o mês em cinco anos. O fluxo cambial contratado ficou positivo em US$ 1,297 bilhão em julho, primeiro mês positivo desde abril.

Desde julho, o BC tem ofertado quase que diariamente 10 mil contratos de swap cambial reverso.

O real teve o segundo melhor desempenho ante o dólar nesta sessão, atrás apenas do rublo russo, que avança cerca de 2% na esteira do salto de 2,7% do barril do petróleo WTI.

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) cortou os juros a uma mínima histórica e surpreendeu ao anunciar mais medidas de estímulo monetário, o que deu novo fôlego à expectativa de que os BCs de países centrais deverão manter suas políticas monetárias acomodatícias, o que é benéfico para mercados emergentes de forma geral.