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Temer quer diferenciar trabalho da mulher na reforma da Previdência

05/11/2016 00h50

Em entrevista na noite desta sexta-feira ao programa Mariana Godoy, da Rede TV, o presidente Michel Temer disse que a reforma da Previdência tornará iguais tanto a Previdência geral como a pública, "e de igual maneira em relação à classe política". Temer, no entanto, fez questão de frisar que o último projeto de reforma ainda está sendo montado pelos técnicos e não lhe foi apresentado em definitivo. Mas disse que não serão violados direitos adquiridos e, pessoalmente, quer ver se faz uma pequena diferença entre o trabalho do homem e o da mulher, na questão da idade mínima.

Com relação à proposta de emenda à constituição (PEC) 241 - que estabelece um teto para os gastos públicos, corrigindo os gastos apenas pela inflação, Temer disse que não assumiu o poder para "perseguir trabalhador" e "acabar com a saúde e a educação". "As pessoas acham que este governo é tão desarrazoado que as pessoas acham que a gente assumiu o poder para perseguir o trabalhador, acabar com a Saúde e a Educação", disse.

O presidente voltou a afirmar que a PEC 241 não prevê um teto para a Saúde ou a Educação, mas um "teto global". Segundo ele, o orçamento para estas duas áreas terá alta em 2017 devido a verbas retiradas de outras áreas. O presidente lembrou também que seu governo manteve o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o financiamento estudantil, além de dar crédito de R$ 5 mil para reformas em residências e criar um programa de concessão de título de propriedade urbano. "Você sabe que tudo isso que está acontecendo visa exatamente a aprimorar o sistema político."

"O que o governo está fazendo é isso, dizendo: eu não vou gastar mais do que aquilo que arrecado. Para você gerar emprego, você tem que prestigiar o mercado, tem que prestigiar a iniciativa privada. O emprego vem disso. As forças produtivas da Nação são o empregador, o empresário, e o trabalhador", afirmou o presidente.

Quanto à reforma do ensino médio, Temer defendeu sua execução por meio da Medida Provisória 746 alegando que o texto dela "é praticamente cópia" de projetos de lei que estão tramitando no Legislativo "há muitíssimo tempo". Segundo ele, a reforma não acaba com aulas de Educação Artística ou Educação Física. "O que é triste é saber de gente no Ensino Médio que não sabe somar, não sabe português."

Quanto às ocupações de estudantes em escolas exatamente em protesto contra a reforma e a PEC dos gastos, Temer lamentou que o debate aqui se dê no plano do confronto físico em vez do debate de ideias. Sobre o adiamento das provas do Enem em razão das escolas ocupadas, o presidente disse que foi o que se pôde fazer. "Não tinha outra solução."

Temer desconversou ao ser perguntado se apoiaria a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Eu tenho 18 partidos em minha base de apoio. Preciso tomar cuidado com o que digo", afirmou.

O presidente disse também sobre a Venezuela, defendendo que o país será admitido como membro pleno do Mercosul desde que atenda às exigências do bloco. "O Brasil tem muita preocupação com o que acontece na Venezuela, até porque tem repercussão aqui. E nós até tivemos uma preocupação humanitária. Você sabe que nós oferecemos remédios para a Venezuela, e é interessante, não foi admitido", revelou.

Sobre os EUA, disse que, independente de quem ganhe a eleição presidencial na próxima terça-feira (8), espera que se mantenha uma relação produtiva com o Brasil, um diálogo democrático. "Temos uma relação institucional." Sobre a hipótese de o republicano Donald Trump vencer, respondeu que "nada é impossível".

Temer voltou a garantir que não pretende disputar a reeleição em 2018, dizendo que quer produzir um bom trabalho, colocar o Brasil nos trilhos para quem vier depois.

Sobre a Operação Lava-Jato, afirmou que ela não tem nada a ver com o Executivo. "Ela se dá no Judiciário. Não tenho que interferir nessa matéria. Não podemos paralisar o governo por isso", disse, desviando-se de comentar sobre correligionários investigados.

05/11/2016 00:45:11