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Dólar sobe com incerteza política e supera R$ 3,41

25/11/2016 17h45

O dólar subiu frente ao real refletindo o aumento da incerteza com o cenário político local. A saída do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado pelo ex-titular da pasta de Cultura Marcelo Calero de pressionar a liberação de uma obra em Salvador, e temor com o conteúdo das gravações realizadas por Calero e que teriam sido entregues para a Política Federal aumentou a preocupação de que a crise possa política possa atingir o presidente Michel Temer.

O que preocupa o mercado é a possibilidade da crise política atrapalhar a votação das medidas de ajuste fiscal. "Por enquanto, não trabalhamos com uma mudança efetiva de cenário político. Mas isso vai depender do conteúdo que pode vazar das gravações de Calero ou da deleção da Odebrecht", diz Juliano Ferreira, estrategista da Icap Corretora.

A incerteza política se soma às incertezas com o governo do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ajudou a reforçar a cautela no mercado local. O real apresentou hoje a por performance frente ao dólar entre as principais moedas emergentes e descolou do movimento no exterior.

O dólar comercial subiu 0,52% e fechou a R$ 3,4111, maior patamar desde 17 de novembro. Com isso, a moeda americana encerra a semana em alta de 0,73% e acumula valorização de 6,97% no mês. No ano, o dólar cai 13,78%.

No mercado futuro, o contrato para dezembro avançava 0,56% para R$ 3,417.

Para Loyola, a saída de Geddel desgasta o presidente Michel Temer, mas ele ainda tem o apoio da base aliada no Congresso e avalia que ainda é cedo para dizer se isso pode atrapalhar a votação das medidas de ajuste fiscal.

No dia 29 da semana que vem está prevista a votação da PEC dos gastos em primeiro turno no Senado.

Ferreira, da Icap ainda não vê o aumento da incerteza no cenário política afetando as aplicações dos investidores estrangeiros no mercado local. "Com a estabilização da curva de juros americana tivemos um alívio na aversão a risco e alguns investidores estrangeiros até chegaram a aumentar os investimentos em ativos locais. Por enquanto, vejo o investidor local mais pessimista que o estrangeiro", diz.

Mas a continuidade dos investimentos em Brasil, vai depender, além da política econômica americana, da questão do crescimento da economia local. "A revisão para baixo das projeções de crescimento pode afetar as estatísticas fiscais e mudar a perspectiva de médio prazo para o Brasil", diz.

Por enquanto, o Banco Central se manteve fora do mercado de câmbio após concluir a rolagem do lote de US$ 6,490 bilhões em contratos de swap cambial tradicional que venceria em 1º de dezembro.

25/11/2016 17:23:38