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CNC: Intenção de consumo das famílias deve seguir em recuperação lenta

21/03/2017 11h40

Juros mais baixos e inflação em desaceleração devem recuperar a intenção de consumo das famílias. Embora essa retomada deva ser lenta, o desempenho do comércio deve melhorar neste ano. A análise é da economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Juliana Serapio sobre o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que ficou em 78,2 pontos em março. O índice vai de zero a 200 e, apesar de continuar abaixo da zona de indiferença (100 pontos), teve alta de 1,4% na comparação mensal e de 0,9% em relação a março de 2016.


Para Juliana, sinais de melhora no cenário macroeconômico podem fazer com que o indicador continue a mostrar uma recuperação gradual. Outros fatores, como o saque das contas inativas do FGTS podem contribuir para reduzir o endividamento das famílias e, assim, abrir espaço no orçamento para novas compras.


Este cenário faz com que a CNC projete estabilidade na variação do volume de vendas do comércio varejista para este ano. Caso se confirme, seria recuperação em comparação com 2016, quando o setor encerrou com recuo de 6,2% ante 2015, a mais intensa retração da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2001 pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso do varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças e material de construção, a estimativa da CNC é de alta de 1% - sendo que, em 2016, este segmento caiu 8,7%, também o recuo mais forte da série histórica do IBGE.


A especialista não descartou a possibilidade de revisar para cima essas estimativas. Ela comentou que ainda não foi mensurado o impacto positivo no orçamento das famílias do saque do FGTS inativo, iniciado em março. Tampouco foi mensurado o impacto da queda da inflação, que, antes, estava reduzindo de forma significativa a renda das famílias, comentou ela. Essa queda, comandada pelos alimentos, vai ajudar no orçamento doméstico, disse. Mas o mercado de trabalho ainda ruim, com elevada taxa de desemprego, deve manter o consumidor cauteloso.


Questionada se o varejo pode ser afetado pela operação "Carne Fraca" da Polícia Federal (PF), que investiga a venda de carnes fora do prazo de validade e em más condições sanitárias, ela disse ser "muito difícil" isso acontecer. Ela não acredita que o brasileiro interrompa bruscamente o consumo de carne no varejo por causa do episódio.


Entre os sete tópicos usados para cálculo do ICF, cinco mostraram melhora entre fevereiro e março. Foram observados aumentos nos indicadores de emprego atual (1,8%); perspectiva profissional (1,1%); renda atual (2,7%); compra a prazo ( 2,5%); e perspectiva de consumo. Continuaram em queda nível de consumo atual (-2,4%) e momento para duráveis (-1%), este após sete altas consecutivas. A maior parte das famílias, 60,8%, declarou estar com o nível de consumo menor do que no ano passado.


Na comparação com março de 2016, apenas três indicadores mostraram aumento - emprego atual (2,5%); perspectiva de consumo (13,1%); e momento para duráveis (6,6%). Foram registradas quedas em renda atual (-3,4%); compra a prazo (-5,2%); e nível de consumo atual (-4,1%). Já tópico perspectiva profissional mostrou estabilidade no período.