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Bolsa sobe e dólar cai à espera do corte no Orçamento

29/03/2017 14h03

As moedas de mercados emergentes, incluindo o real, ganham força nesta quarta-feira (29). O mercado volta a discutir o ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos, enquanto os investidores no Brasil ainda avaliam os esforços do governo para cortar gastos e aumentar a arrecadação para cumprir a meta fiscal.


Às 13h50, o dólar comercial caía 0,59%, cotado a R$ 3,1204, tendo recuado até R$ 3,1142 (-0,79%). No mercado futuro, o contrato para abril recuava 0,60%, a R$ 3,1245, com mínima em R$ 3,1165 (-0,86%).


As discussões na área fiscal movimentam o mercado doméstico. A avaliação de parte do mercado é de que os esforços do governo para garantir a meta fiscal não significam grande aumento da carga tributária. Com isso, a expectativa é mais animadora em termos de impacto na inflação e recuperação econômica, destaca o operador Cleber Alessie Machado Neto, da H. Commcor.


O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje que pode não haver a necessidade de elevar alíquotas tributárias, informaram algumas fontes de mercado aoValor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. O ministro teria indicado que o problema pode ser resolvido com outras medidas pontuais neste ano, como precatórios e devolução de hidrelétricas.


Quanto ao fim das desonerações da folha de pagamento concedidas no governo Dilma Rousseff, a reportagem apurou que ela deve ser anunciada junto com as medidas de contingenciamento pela equipe econômica. Em nota divulgada hoje, o Ministério da Fazenda sinalizou que "o cumprimento da meta de déficit primário de R$ 139 bilhões em 2017 exigirá medidas de aumento de receita".


Nesta tarde, a equipe econômica divulgará o tamanho do corte orçamentário.


Além disso, as dificuldades do presidente Donald Trump em avançar com sua agenda de estímulo econômico são observadas sob o prisma da politica monetária. A avaliação entre especialistas é de que o republicano terá de negociar com o Congresso e conseguirá dar sequência a grande parte de suas propostas. No entanto, a expansão da economia americana pode ficar levemente aquém do esperado, tirando parte do apoio para aumento de juros no país.


Juros


Os juros futuros se afastam das mínimas da sessão, mas seguem com viés de baixa nesta quarta-feira. As discussões sobre a trajetória da Selic direcionam grande parte da movimentação no mercado. Os vencimentos mais curtos iniciaram o dia em forte queda em meio a percepção de que o Banco Central tem espaço para intensificar os cortes na taxa básica de juros, mas reduziram o ímpeto ao longo da manhã.


Às 12h45, o DI janeiro de 2018 marcava 9,840%, ante 9,850% no ajuste anterior, com mínima em 9,795%.


Entre outros vencimentos, o DI janeiro de 2019 estava em 9,440%, ante 9,460% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2021 marcava 9,880%, ante 9,910%, sob influência também da queda do dólar ante o real e recuo dos juros dos Treasuries.


Bolsa


As ações de empresas do setor de commodities voltam a atrair os investidores na bolsa brasileira nesta quarta-feira, enquanto a cautela com o cenário econômico local e dos Estados Unidos ainda inibe apostas de longo prazo.


O Ibovespa subia 1,16%, a 65.389 pontos, às 13h39, acompanhando a elevação dos mercados emergentes. Na dianteira das valorizações do horário estavam MRV ON (3,67%), BM&FBovespa ON (3,37%), Banco do Brasil ON (3,35%), Smiles ON (3,01%) e Usiminas PNA (3%).


As quedas eram lideradas por Santander Units (-2,22%), Embraer ON (-1,63%), Eletrobras ON (-1,61%), Suzano PNA (-1,25%) e JBS ON (-1,23%).


Tendo oscilado perto da estabilidade na abertura, o indicador de referência do mercado acionário brasileiro firmou-se em território positivo a partir da segunda hora de pregão, quando o petróleo acelerou a alta no mercado internacional após a divulgação de que os estoques do combustível nos EUA cresceram menos do que o esperado na semana passada.


Em meio à discussão sobre a velocidade da recuperação do Brasil da recessão, o Ministério da Fazenda causou certa preocupação aos investidores pela manhã ao dizer que não é possível adequar o orçamento cortando somente despesas discricionárias.


"Os especialistas estão debatendo como será a retomada da atividade, e, por essa perspectiva, considerar uma redução nos investimentos desanima um pouco", diz Paulo Figueiredo, economista da FN Capital em Petrópolis.