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Eletrobras só deve avaliar novos investimentos a partir de 2019

29/03/2017 16h24

A Eletrobras prevê investir R$ 8,95 bilhões em 2017, sendo R$ 2,43 bilhões em sociedades de propósito específico (SPEs) e os R$ 6,5 bilhões restantes em controladas, afirmou Wilson Ferreira Jr., presidente da companhia.


Em 2016, a Eletrobras investiu R$ 8,7 bilhões, abaixo dos R$ 11,4 bilhões previstos inicialmente.


Investimentos em novos ativos de transmissão e geração de energia, porém, ficarão para depois de 2019, disse o executivo.


Segundo ele, é importante que a Eletrobras comece a usar recursos das indenizações de ativos de transmissão para repor sua base de ativos, com foco em geração e transmissão de energia.


"Mas, obviamente, isso vai acontecer em condições diversas das do passado, criando valor e com taxas de retorno que superem o custo de capital", disse.


Desempenho


Ferreira Jr. afirmou que já é possível ver, no resultado recorrente, mudança no comportamento da companhia. Ele destacou, de forma positiva, a redução de despesas com pessoal, material, serviços e outros (PMSO), de 3,5%, no quarto trimestre de 2016, ante igual período anterior, totalizando R$ 3,363 bilhões.


"Já começamos a ver na base recorrente mudanças importantes no comportamento da eletrobras", disse o executivo.


Ele lembrou ainda que, na mesma comparação, o Ebitda recorrente cresceu 322%, para R$ 784 milhões e a companhia reverteu um prejuízo recorrente de R$ 796 milhões para um lucro recorrente de R$ 696 milhões.


Com relação ao negócio de distribuição, porém, o Ferreira Jr. admitiu que a situação piorou. O Ebitda recorrente das distribuidoras do grupo no ano passado saiu de um valor negativo de R$ 64 milhões para um valor negativo de R$ 1,063 bilhão.


"Agravamos a situação que tínhamos [na distribuição], o que se mostra certa a decisão de venda [das distribuidoras]", afirmou ele.


Endividamento


O endividamento da Eletrobras permanece em um patamar muito elevado, mas a "boa notícia" é que parou de crescer, disse Ferreira Jr..Ao fim do ano passado, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda da estatal estava em 6,7 vezes, abaixo das 8,5 vezes do fim de setembro.


A dívida líquida da companhia situava-se em R$ 23,438 bilhões."É um nível muito alto, precisamos reestruturar isso. A boa notícia é que parou de crescer no ritmo que vinha crescendo", disse.


Petrobras


A dívida total da Eletrobras com a Petrobras, referente à compra de combustíveis para geração de energia, é de R$ 16,7 bilhões, de acordo com Armando Casado, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre e do ano de 2016.


Desse total, a Eletrobras conta com recursos do fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para cerca de R$ 10 bilhões.


Além disso, um montante de R$ 10,1 bilhões já foi objeto de dois contratos para repactuação de dívida entre a Eletrobras e a Petrobras.


Os R$ 6,6 bilhões restantes em dívidas estão em negociação atualmente, disse Wilson Ferreira Jr, presidente da elétrica. Desse total, a Eletrobras conta com recursos da CDE de cerca de R$ 3,5 bilhões.


A Eletrobras é garantidora da toda a dívida já repactuada e de cerca de 50% do montante ainda em aberto.


A negociação desse acordo com a Petrobras é ainda essencial para que a Eletrobras possa prosseguir com a privatização da Amazonas Energia, vista como a "mais complexa" para ser vendida por Ferreira. A maior parte da dívida em aberto se refere à essa distribuidora.


Quando fecharem o acordo, a Petrobras vai tirar a Eletrobras do cadastro de inadimplentes, possibilitando a conclusão de seu processo de desverticalização, separando a geradora da distribuidora.


Na teleconferência, Ferreira lembrou ainda que a companhia conta com "financiamentos alternativos" resultantes de recursos de vendas de participações em Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e, possivelmente, com a emissão de debêntures. Isso pode ser necessário para que a Eletrobras possa prosseguir na conclusão de obras e em seus ajustes financeiros.


Aneel


Ferreira Jr. afirmou que a Eletrobras terá 15 dias para apresentar posição sobre ação de fiscalização da Aneel que indicou que os consumidores pagaram um valor de R$ 3,7 bilhões a mais a título de CCC/CDE.


Segundo ele, a solução do impasse na autarquia é importante para que a empresa retome negociação sobre o pagamento de dívidas com a Petrobras sobre o uso de combustível para geração termelétrica.


Ele explicou que, como houve falta de recursos do Tesouro, via CCC/CDE, para subsidiar a compra desse combustível, a Eletrobras, gestora do encargo, assumiu essa dívida com a Petrobras