BJ consolidava mapa de doações da Odebrecht a candidatos nas eleições
As doações da Odebrecht aos candidatos nas eleições não foram voluntárias. Todas as doações, inclusive as registradas no Tribunal Superior Eleitoral, foram pedidos que a companhia atendeu, disse o delator e executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior aos procuradores da República, em depoimento no dia 13 de dezembro.
"Naturalmente, quando doávamos, enxergávamos no candidato um potencial, não necessariamente um potencial que se materializava em negócio ou em dinheiro, mas um potencial de crescimento no cenário político e sua expressão como um todo", disse Benedicto Junior. "Tínhamos um canal aberto com a pessoa para ela ajudar [quando a empresa precisasse]. Garantia um privilégio."
O delator disse que entre 2007 e 2008 Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho foi colocado como responsável para estruturar as demandas [pedidos de doações] que vinham das obras e a necessidade de pagamentos indevidos. A partir daí, ele passou a montar uma equipe que pudesse dar suporte ao processo para criação do "Setor de Operações Estruturadas", que distribuía o dinheiro.
Nomeado por Marcelo Odebrecht, Hilberto montou uma equipe que centralizou as avaliações de se seria possível atender, e como atender, às demandas. "O Hilberto me disse: 'Agora, tudo que você precisar de dinheiro de caixa dois, ilícito, é pra procurar a minha equipe'", disse Benedicto Silva.
Segundo o delator, havia um processo burocrático nos períodos de pré-eleição, após a definição dos candidatos. Os executivos da Odebrecht, que estavam distribuídos geograficamente pelo país, faziam uma avaliação de quais campanhas eles gostariam de ajudar ? isso depois de ouvir os pedidos dos candidatos. A lógica da companhia era voltada a projetos complexos de infraestrutura, com participação público-privada, que requeressem a capacidade construtiva da Odebrecht de alavancar financiamentos, disse Benedicto Junior.
A partir das informações que recebia de seus diretores, Benedicto Junior consolidava um mapa das demandas para a campanha eleitoral e chegava ao valor da doação. Havia o cuidado para que a empresa não tivesse oficialmente a maior doação do setor empresarial na eleição.
"A gente não queria ser os primeiros que estavam doando, nas páginas de jornal", disse Benedicto Silva. "Então, delimitávamos um valor que devia ser doado oficialmente." A empresa doava pelo TSE, caixa dois e parceiros para atender aos pedidos dos candidatos, sem se expor publicamente.
Os diretores da companhia tinham autonomia para indicar os nomes e os valores correspondentes para doações legais ou propina. "Tinham que saber se [a doação] traria resultado, de modo que não gerasse prejuízo e tivesse que fazer o acionista botar dinheiro", disse Benedicto Silva.
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