Sem militares, governo iria "esperar pelo "pior", diz Jungmann
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (25), em entrevista à rádio CBN, que não convocar as Forças Armadas seria "esperar pelo pior". Jungmann explicou que a ideia inicial era pedir o reforço da Força Nacional de Segurança, mas a tropa só dispunha de 100 homens em Brasília, número insuficiente para conter o tumulto na Esplanada dos Ministérios.
"[A convocação das Forças Armadas] foi um grande acerto porque estávamos assistindo ali a uma perda de controle progressiva. Tínhamos incêndio em prédios de ministérios, servidores apavorados, encurralados dentro desses prédios. Eu não sei onde isso ia parar", disse o ministro da Defesa.
"A polícia do GDF não estava conseguindo conter os atos de vandalismo e quebra-quebra. Não tínhamos outra alternativa para impedir vítimas entre servidores e depredação do patrimônio público. Era cessar aquele processo de barbárie ou cruzar os braços esperando que ocorresse o pior, o que é inaceitável."
O ministro esclareceu que os militares estão instruídos a agir "exclusivamente de forma defensiva" e para proteger a região em que ficam as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Segundo Jungmann, a tropa tem orientação para "não se envolver em nenhum ato repressivo".
Revogação da GLO
O ministro indicou que o governo federal pode revogar ainda hoje a Garantia de Lei e Ordem (GLO). Jungmann tem reunião com o presidente Michel Temer e as forças de segurança do Distrito Federal agora pela manhã para avaliar a situação.
"Se o comandante da área informar que estamos em tranquilidade, que não ha foco de resistência, nem possibilidade de retomar clima anterior, daremos recomendação ao presidente para que seja revogada a GLO", disse o ministro. "Acho que deve ter retomado a normalidade."
O ministro informou à rádio que os serviços de inteligência da Presidência tinham informação prévia sobre a participação de black blocs no protesto de quarta-feira e haviam compartilhado a informação com a Polícia do Distrito Federal.
Jungmann defendeu que os responsáveis por depredações sejam identificados e responsabilizados pelos danos que causaram. "A ordem é essencial para a democracia. Sem ordem, você não tem democracia", sustentou.
Embate com Maia
Questionado sobre as acusações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que teria mentido sobre de quem partiu a ideia de convocar as Forças Armadas, Jungmann reagiu.
"Não houve mentira alguma", disse o ministro. "O presidente da Câmara pediu a Força Nacional de Segurança, que era absolutamente insuficiente. Então, se decidiu pelo emprego das Forças Armadas."
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