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Ibovespa sobe com expectativa de queda de juros; dólar testa R$ 3,25

26/05/2017 13h31

O mercado de ações brasileiro exibe firme alta, nesta sexta-feira, apoiado no aumento de expectativas de diminuição dos juros no país.


Depois da divulgação, na semana passada, da gravação de uma conversa alegadamente imprópria entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, os investidores abandonaram as esperanças de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduzisse em 1,25 ponto percentual a taxa Selic na sua reunião do final do mês, passando a apostar em um corte de apenas 0,5 ponto percentual. Mas, com os recentes esforços do governo em, apesar da crise, manter o andamento das reformas estruturais - que são vistas como essenciais para a retomada da economia e o crescimento sustentável do país no futuro - têm aumentado, entre os analistas, as apostas de uma queda de 1 ponto percentual nos juros.


Nesse cenário positivo, o Ibovespa subia 1,20%, para 63.988 pontos, às 13h20.


Os setores que dependem da demanda interna são os que têm os maiores ganhos hoje.


O Índice Financeiro da B3 (novo nome da BM&FBovespa), que reúne empresas do segmento, ganhava, há pouco, 1,89%, na maior alta entre sete grupos setoriais. O estatal Banco do Brasil é o destaque, com elevação de 3,00%, a R$ 28,54.


A Cyrela é a melhor performance das construtoras, subindo 2,96%, para R$ 11,12. O Índice Imobiliário avançava 1,73% há pouco.


Na ponta das quedas, figuram as companhias cuja receita depende da moeda americana. Exportadora, a produtora de papel e celulose Fibria recuava 1,81%, para R$ 36,28. Sua concorrente Suzano perdia 0,92%, a R$ 15,12.


A pior baixa do Ibovespa é da JBS, a qual caía 5,48%, para R$ 7,76, depois de o jornal "O Estado de S. Paulo" publicar notícia hoje de que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode rever os termos do acordo de delação premiada dos executivos da empresa, que têm sido questionados.


Dólar


O dólar volta a testar o nível de R$ 3,25 nesta sexta-feira, numa baixa de quase 1% frente ao real. O cenário político, na avaliação de profissionais de mercado, é ligeiramente mais favorável para a continuidade da agenda econômica. No entanto, os agentes financeiros ainda aguardam uma resolução para o impasse que afetou o centro do governo após as delações de executivos da JBS.


Tal ansiedade - e algum ceticismo - se reflete na pouca variação do câmbio no acumulado da semana, apesar da instabilidade de sinal durante os pregões. Operadores destacam ainda que o monitoramento do Banco Central às condições do mercado também limitam qualquer despontada do câmbio.


A cotação do dólar comercial é quase a mesma do fechamento da última sexta-feira. Por volta das 13h20, a divisa americana era negociada a R$ 3,2583, em queda de 0,74%, após recuar até a mínima de R$ 3,2528.


O contrato futuro para junho, por sua vez, recuava 0,56%, a R$ 3,2610.


Em busca de alguma direção, as atenções se voltam para o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A sessão para avaliar o caso está prevista para o dia 6 de junho, mas há relatos de que o governo está se articulando para suspender por tempo indeterminado a apreciação do caso. Com isso, a administração de Michel Temer tentaria acelerar as votações para mostrar que o Planalto não está paralisado e é necessário.


A decisão no TSE deve direcionar um posicionamento do PSDB sobre o eventual desembarque do governo. O presidente nacional da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que qualquer articulação do partido sobre a sucessão presidencial será feita em conjunto com o presidente Michel Temer.


A leitura, na avaliação de alguns profissionais de mercado, é de que a agenda econômica será mantida, seja como um esforço de Temer ou sob a égide de outro governante. Por isso, há hoje um pouco mais de tranquilidade para redução do prêmio.


Na avaliação do Deutsche Bank, o mercado ainda acredita que há uma boa chance de que o Congresso poderá aprovar a reforma da Previdência neste ano. "Contudo, acreditamos que ainda é prematura a conclusão de que a resolução do impasse político em curso trará condições políticas conducentes à aprovação da reforma", diz.


Em relatório assinado pelo economista-chefe Jose Carlos Faria, o melhor cenário é descrito como um adiamento e diluição da reforma. Na pior das hipóteses, a proposta seria abandonada e o governo teria de recorrer a outras medidas, como aumentos de impostos, para abrandar a deterioração fiscal e ganhar tempo até um novo governo, eleito em 2018, possa retomar a agenda reformista.


Juros


Os juros futuros operam em queda firme nesta sexta-feira e continuam a devolver boa parte da alta oriunda do estresse político. O movimento é atribuído a percepção pouco mais amena do mercado em relação à crise em Brasília. Com o alarmismo já atenuado, os investidores também conseguem avaliar outros eventos no horizonte, como a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem.


O DI janeiro/2018 cai 9,355%, ante 9,540% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2019 recua a 9,390%, ante 9,650% na mesma base de comparação.


Ainda entre os vértices intermediários, o DI janeiro/2021 cai a 10,470%, ante 10,680% no ajuste anterior. Com o movimento de hoje, a taxa já devolveu mais da metade da alta registrada no pico da turbulência com a política, quando tocou 11,81%.