Projeções do mercado para inflação e PIB têm leve piora, aponta Focus
Pouco mais de uma semana após se instalar uma nova crise política por causa da delação da JBS envolvendo o presidente Michel Temer, o mercado revisou suas expectativas para a inflação e para o crescimento da economia. A previsão para o juro, contudo, não foi alterada.
De acordo o boletim Focus, do Banco Central, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 interrompeu 11 semanas de queda e subiu de 3,92% para 3,95%. A expectativa dos analistas do mercado financeiro para 2018 subiu de 4,34% para 4,40%. Em 12 meses, a projeção caiu de 4,65% para 4,62%.
O mercado também elevou ligeiramente a projeção para o dólar, de R$ 3,23 para R$ 3,25 ao fim deste ano, e de R$ 3,36 para R$ 3,37 ao fim de 2018.
Não houve alteração nas expectativas para a taxa de juros ao fim deste e do próximo ano, ambas em 8,50%. Mas a média das estimativas para 2017 subiu de 10,19% para 10,28%, indicando que apesar de a mediana não ter sido alterada uma parte das projeções para o juro foi revisada para cima. Analistas disseram ao Valor que o Banco Central pode amenizar o ritmo do corte de juro - de 1 ponto percentual - por causa da crise política. Há duas semanas, prosperava a ideia de que o Banco Central aceleraria o corte para 1,25 ponto percentual esta semana. Agora, entre 41 analistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos, 35 acreditam em corte de 1 ponto, levando a Selic a 10,25% ao ano.
Atividade
Quanto à atividade, os analistas reduziram a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de crescimento de 0,50% para 0,49% e, para 2018, de alta de 2,50% para 2,48%, segundo o Focus.
Na semana passada, bancos e consultorias começaram a diminuir as já baixas previsões para o PIB por causa do provável adiamento das reformas da Previdência e trabalhista diante da crise. Essas reformas são consideradas o motor da retomada da economia por causa do efeito positivo sobre a confiança do setor privado.
O Banco Fibra, por exemplo, cortou de 1% para 0,50% a estimativa do PIB em 2017 e reduziu de 3,5% para 2,5% a previsão para 2018. A gestora Quantitas revisou o crescimento de 2017 de 0,8% para 0,3%, e o de 2018 de 2,3% para 1,8%. A 4E passou a esperar uma contração de 0,3% na economia este ano, em vez do recuo de 0,1% esperado antes. Para o ano que vem, a estimativa caiu de 2,5% para 1,2%. Já o Banco Votorantim acredita que o impacto da crise política deve ficar confinado ao segundo trimestre e manteve a previsão de crescimento de 0,6% neste ano.
Na próxima quinta-feira, dia 1º de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa o resultado do PIB do primeiro trimestre. Analistas consultados pelo Valor esperam, em média, avanço de 0,9% sobre o quarto trimestre de 2016. Mas cresce a expectativa de um resultado negativo no segundo trimestre após a crise política desencadeada pela delação da JBS envolvendo o presidente Michel Temer.
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