Com tensão política, dólar tem em maio maior alta em seis meses
O dólar respeitou o histórico dos meses de maio e subiu frente ao real no acumulado do mês. O ganho foi de 1,93%, o mais intenso desde os 6,23% de novembro passado, quando os mercados globais estiveram sob forte estresse devido à eleição de Donald Trump à Presidência dos EUA. A alta deste mês, porém, ficou bem abaixo da registrada em maio de 2016, quando a cotação disparou 5,10%.
Apesar de fortalecido, a percepção é que o dólar andou bem menos que o temido. De fato, a valorização de maio foi apenas um pouco superior à alta de 1,41% do mês de abril, quando investidores ainda tinham como cenário-base a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados ainda neste semestre.
Segundo operadores, fluxos para a renda fixa deram suporte ao câmbio depois do estouro da crise política, ao mesmo tempo que a rápida e forte intervenção do Banco Central conseguiu controlar o ajuste do dólar. O BC vendeu, em termos líquidos, US$ 10 bilhões no mercado de câmbio via swaps cambiais. Foi a maior injeção de liquidez em apenas um mês em quatro anos.
Os fundamentos melhores da economia também ajudaram a limitar a depreciação do real. Menor déficit em conta corrente, reservas internacionais bem acima de US$ 300 bilhões, juros ainda altos comparados ao restante do mundo, as medidas de ajuste fiscal já aprovadas e a expectativa de que, com ou sem Michel Temer na Presidência, a agenda de reformas será tocada reduziram a demanda por "hedge" cambial, evitando um salto ainda maior do dólar.
Do lado doméstico, o que vai definir o rumo dos mercados ao longo de junho são as indicações relativas ao andamento das reformas. A reforma trabalhista será votada na CAE do Senado apenas na próxima semana. E há expectativas de que o governo obtenha os 308 votos necessários na Câmara para aprovar em plenário o texto da reforma da Previdência entre junho e julho.
Ante o fechamento de ontem, o dólar comercial caiu 0,77% nesta quarta-feira, a R$ 3,2364. Na mínima, a cotação foi a R$ 3,2331, menor patamar desde 17 de maio (R$ 3,0960), um dia antes do estouro da crise política.
No mercado futuro, em que os negócios se encerram às 18h, o dólar para julho caía 0,73%, a R$ 3,2565.
O mercado deve monitorar a partir de agora também os US$ 6,939 bilhões em swaps cambiais tradicionais com vencimento no começo de julho - o maior lote dentre os existentes. Ontem, o BC concluiu a rolagem de todos os US$ 4,435 bilhões em swaps que expirariam amanhã.
O estoque total desses contratos cresceu para US$ 27,763 bilhões ao longo de maio.
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