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Dólar bate R$ 3,31 e vai à máxima em 3 semanas com risco político

12/06/2017 17h43

O dólar fechou no maior patamar em mais de três semanas nesta segunda-feira, mantendo-se acima de R$ 3,30 depois de ter flertado com o patamar de R$ 3,33. A moeda até saiu das máximas do dia, mas seguiu sob intensa demanda ao longo da tarde, impulsionada pela postura mais conservadoras dos agentes financeiros diante da falta de visibilidade no campo político.


O dólar comercial subiu 0,51%, a R$ 3,3115, maior patamar desde 18 de maio (R$ 3,3836). No mercado futuro, o dólar julho tinha alta de 0,72%, a R$ 3,3345.


Nas mesas de operações, prevalecem dúvidas sobre como o governo conseguirá levar adianta a agenda de reformas tendo de gastar energias para se manter de pé.


Como previsto, o TSE absolveu a chapa Dilma/Temer, que venceu as eleições de 2014, mas agora o presidente Temer tem outros desafios à frente, todos ao mesmo tempo. Enquanto precisa reunir votos de um terço da Câmara dos Deputados para impedir que provável denúncia da PGR contra o presidente seja levada ao STF, o governo aguarda ainda a decisão dos dirigentes do PSDB, reunidos hoje para fechar questão sobre se permanecem ou não na base aliada. A sigla - a maior da base do governo - está dividida, com alguns importantes integrantes defendendo o fim do apoio a Michel Temer.


"Há muita, muita incerteza. O cenário para as reformas está ficando cada vez mais nebuloso. O que o mercado reage hoje é a possibilidade de a única coisa que realmente importa - o ajuste fiscal - ser deixada de lado ou demorar muito mais", diz o profissional de uma gestora com mais de R$ 10 bilhões em patrimônio líquido.


Na máxima, a cotação bateu R$ 3,3270, maior patamar intradia desde 19 de maio (R$ 3,3439). Com isso, superou a marca de R$ 3,3118, que representa "metade do caminho" entre a mínima de R$ 3,2152 de 1º de junho e a máxima de R$ 3,4083 do dia 18 de maio.


A marca de 50% da retração de Fibonacci é vista como um importante indicador técnico. O próximo alvo representa 61% do movimento entre a mínima e a máxima - que na sequência atual equivale à taxa de R$ 3,3330. Caso esse patamar seja rompido, o dólar tem "caminho livre" para testar a máxima de R$ 3,4083 de maio.


Alguns profissionais têm chamado atenção para o movimento divergente no DI e no dólar. Hoje, enquanto o juro futuro com vencimento em janeiro de 2021 marcou 10,220%, mínima em quase quatro semanas, a moeda americana foi a uma máxima em três semanas, perto de R$ 3,33.


Operadores comentam que o descolamento pode ocorrer porque o mercado não quer deixar de vender juros, diante da possibilidade de um BC mais "dovish". Por outro lado, com persistentes riscos políticos, os agentes buscam "hedge" no mercado de câmbio. Esse movimento explicaria o fato de por dois dias seguidos o dólar manter forte alta enquanto os juros futuros oscilam com viés de baixa.