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Com poucos negócios, Ibovespa tem leve alta em meio a tensão política

13/06/2017 17h38

O Ibovespa registrou volatilidade durante todo o pregão e encerrou o dia com leve alta de 0,21% aos 61.829 pontos e fraco giro financeiro, de R$ 4,8 bilhões. Não faltaram motivos para o investidor manter a cautela.


Amanhã ocorre o vencimento de opções sobre o Ibovespa e a disputa entre os investidores comprados e vendidos travou o índice no patamar dos 61 mil pontos. O Ibovespa chegou a registrar a mínima de 61.510 pontos e a máxima de 62.012 pontos no pregão de hoje. "Houve também um movimento grande de rolagem de posições do Ibovespa futuro", diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H.Commor DTVM.


Amanhã também sai o resultado da reunião do Fed, o banco central americano. A expectativa é de que haja uma elevação nos juros para o intervalo entre 1% e 1,25% ao ano. Em tese, a alta dos juros nos Estados Unidos afasta os investimentos para países emergentes, mas com o excesso de liquidez global essa hipótese não tem se confirmado.


Na quinta-feira, o mercado brasileiro não funciona devido ao feriado de Corpus Christi, o que ajudou a reduzir o volume de negócios. O fraco giro financeiro mostra a ausência das apostas de longo prazo diante das incertezas políticas.


Os investidores estrangeiros, que estavam sustentando o movimento de alta recente do índice, também deram início à saída do mercado de ações. Entre os dias 8 e 9 de junho, eles já retiraram R$ 619,3 milhões da bolsa, segundo os dados mais recentes da B3. No mês, o saldo é negativo em R$ 541,6 milhões. Mas no ano, os estrangeiros já deixaram R$ 5,03 bilhões na bolsa de valores.


A cautela dos investidores também pode ser constatada pelo índice que mede a volatilidade das ações brasileiras. O CBOE Brazil ETF Volatility, que mede a volatilidade implícita do iShares MSCI Brazil Capped ETF, composto por ações de empresas brasileiras, caiu 11,19% para 33,19 pontos. No dia do episódio que deflagrou a crise institucional, o indicador alcançou 57,62 pontos. Quanto maior é o indicador, maior a instabilidade no mercado acionário.


De acordo com os analistas gráficos, o Ibovespa pode ingressar em uma trajetória de queda e atingir os 57 mil pontos no médio prazo. Desde o início da crise política, há 27 dias, o Ibovespa está sem uma tendência definida. "O cenário político segue como o principal driver do mercado financeiro, como não temos um direcionamento concretizado na política, o índice Bovespa sofre esse reflexo e fica sem uma tendência clara", diz Danilo Zanini, analista gráfico da XP Investimentos.


Segundo Zanini, o índice Bovespa está em um patamar muito delicado, a região de 61 mil pontos. "Caso, esse patamar seja perdido, abrirá espaço para uma tendência de baixa no médio prazo, podendo cair até os patamares de 57 mil e 53 mil pontos", diz Zanini.


O analista gráfico Raphael Figueredo, da Clear Corretora, também afirma que o Ibovespa pode testar os 57 mil pontos. Se o índice romper os 60.900 pontos, abre caminho para testar os 57 mil pontos, segundo ele. "Se o índice cair abaixo dos 60 mil pontos pode acionar novas ordens de 'stop loss', que foi o que aconteceu quando o índice atingiu esse patamar no primeiro dia da crise institucional", diz.


É claro que há chances de que o Ibovespa dê início a uma trajetória de alta. Neste caso, se o índice voltar ao patamar dos 64 mil pontos, o cenário pode voltar a ser positivo. "O Ibovespa pode então testar as regiões dos 68 mil e 71 mil pontos", diz Zanini.


Entre as ações mais negociadas no pregão, os destaques de baixa ficaram com as ações da Vale. Os papéis preferenciais da classe A recuaram 1,86% e as ações ordinárias tiveram baixa de 1,75%. O preço do minério de ferro fechou em baixa de 2,8%, em Qingdao, na China, para US$ 53,36 a tonelada. A ação da Bradespar, acionista da Vale, caiu 3,69%, a maior queda do dia. A segunda maior baixa do dia foi da JBS, que recuou 2,72%.


Apesar da alta do preço do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras fecharam com comportamentos distintos. Os papéis preferenciais recuaram 0,31% e as ações ordinárias tiveram alta de 0,65%.


Na ponta oposta, as ações que mais subiram foram das empresas de celulose. Os papéis da Suzano Papel e Celulose tiveram alta de 2,17% e as ações da Klabin ganharam 2,33%. Segundo reportagem do Valor, a Suzano concedeu o mandato a dois grandes bancos brasileiros para entrar na disputa pela Eldorado Brasil, produtora de celulose do grupo J&F Investimentos. A Votorantim, controladora da Fibria, e a chilena Arauco também têm interesse na aquisição.