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Juros futuros longos têm maior alta em 1 mês, com risco sobre reformas

20/06/2017 17h07

Os juros futuros de prazos mais longos tiveram nesta terça-feira o maior salto em um mês, puxados pelo aumento da percepção de risco após o governo ter sofrido inesperada derrota em votação da reforma trabalhista, o que elevou preocupações com a capacidade de Michel Temer de colocar em prática outras medidas de reequilíbrio fiscal.


Analistas consideram que o mercado de juros - especialmente as taxas mais curtas - parece menos vulnerável a reveses do lado fiscal, uma vez que dados fracos de atividade e inflação sustentam expectativas de corte da Selic. O próprio presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou ontem que a trajetória de baixa da taxa básica de juros está dada e que o debate se concentra na magnitude da distensão monetária.


Porém, o comportamento benigno da inflação tem ocorrido em meio a expectativas de que pelo menos parte da reforma da Previdência - a mais esperada pelo mercado - seja aprovada. E a derrota do governo nesta terça-feira acende uma "luz amarela" sobre a capacidade de Temer de obter aprovação da reforma, uma vez que expôs a dificuldade do governo de sair vitorioso até mesmo numa pauta considerada mais simples, como a reforma trabalhista.


"A derrota de hoje não deve alterar o racional do BC, mas no mínimo torna menos provável a manutenção do ritmo de redução da Selic", diz Rogério Braga, sócio e diretor de renda fixa e multimercados da gestora Quantitas. Ele se refere às chances de o Copom voltar a diminuir a Selic em 1 ponto percentual no encontro de julho.


A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal rejeitou o relatório da reforma trabalhista por dez votos a nove. O texto ainda vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, finalmente, pelo plenário do Senado. O relatório já havia sido aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).


"A aprovação do texto em outras comissões pode até acalmar os ânimos, mas não dá para dizer que a rejeição do texto não é um sinal preocupante", afirma Braga.


A agenda macro teve repercussão limitada no mercado de juros hoje. E a quarta-feira não traz dados de peso, o que deve deixar os agentes na expectativa pela divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta.


Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2021 tinha alta a 10,130% (9,990% no ajuste de ontem). Mantida essa taxa até o fechamento, às 18h, essa taxa terá registrado elevação de 24 pontos-base, a mais forte desde 22 de maio (50 pontos).


O DI janeiro/2023 foi a 10,540%, 16 pontos-base acima do fechamento de ontem - maior alta desde também 22 de maio (31 pontos).


Entre os vencimentos curtos - mais sensíveis à política monetária -, o DI janeiro/2019 avançava a 9,070% (8,980% no último ajuste). E o DI janeiro/2018 subia a 9,055% (9,020% no ajuste anterior).


Com isso, a inclinação entre esses dois vértices - uma "proxy" das expectativas do mercado para a política monetária ao longo de 2018 - voltou a ficar positiva, em 1,5 ponto-base, após encerrar ontem em -5 pontos-base. A alta de 6,5 pontos-base é a maior desde 30 de maio (10 pontos).