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Itaúsa ainda não sabe se Alpargatas irá para o Novo Mercado

14/07/2017 12h04

(Atualizada às 13h38) A Itaúsa informou nesta sexta-feira (14) que não definiu ainda se tentará levar novamente a Alpargatas para o Novo Mercado.


O conselho de administração da Alpargatas cancelou em maio o processo de migração para o Novo Mercado, nível mais elevado de governança corporativa da B3, porque acionistas preferencialistas discordaram da oferta de troca de 1,3 ação preferencial para cada 1 ação ordinária, que foi proposta pela J&F. Os minoritários consideraram que o prêmio não tinha fundamento técnico.


"Sobre a migração, vamos ter que estudar com calma, ainda não temos uma definição", afirmou Alfredo Setubal, presidente e diretor de relações com investidores da Itaúsa, durante teleconferência com analistas.


OPA


Em relação àoferta pública para aquisição de ações (OPA)de minoritários, que terá de ser feita após a conclusão da compra, Setubal disse que não espera uma grande oferta. "Entendemos que a sobra de ações ordinárias é pequena. Não acreditamos que vai ter uma oferta muito grande. Mas, se tiver, vamos aumentar a nossa participação", afirmou Setubal.


A Itaúsa informou que o preço por ação nessa oferta terá um desconto de 20% sobre o valor pago pela compra do controle da Alpargatas, ficando em R$ 11,40. Se comprarem todas as ações ordinárias remanescentes, o desembolso será de R$ 392 milhões. Esse valor, segundo Setubal, poderá ser financiado com uma recompra de ações da Itaúsa. "Seria uma pequena chamada, de 1% a 2% das ações", disse Setubal.Desse total, R$ 196 milhões caberão à holding de investimento das famílias Setubal e Villela.


Além da Itaúsa, a J&F Investimentos, até então dona da Alpargatas, vendeu a sua fatia de 54,24% na empresa para a gestora Cambuhy e a Brasil Warrant, que pertence a Pedro Moreira Salles. Os três veículos de investimento farão a gestão compartilhada do ativo, por meio, inclusive, da assinatura de acordo de acionistas, em que ficarão estabelecidos dispositivos diversos, como a indicação de membros para o conselho de administração.


A Itaúsa reforçou que a compra do controle leva à necessidade de realizar uma OPA para adquirir ações ordinárias de minoritários, a preço equivalente a 80% do valor oferecido à J&F, conforme determinam as regras do segmento de listagem Nível 1, do qual a Alpargatas faz parte.


O valor da transação, também já informado, foi de R$ 3,5 bilhões ? R$ 14,25 por ação ordinária e R$ 11,40 por preferencial ? para a fatia da J&F, sendo R$ 1,75 bilhão correspondente à fatia da Itaúsa. No negócio, o valor da empresa, considerando dívida, é de R$ 6,5 bilhões, com estimativa de múltiplo entre valor da empresa e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 10,7 vezes neste ano. As premissas citadas pela Itaúsa foram indicadas pela "Bloomberg".


A Itaúsa também fará o financiamento da transação com dívida de longo prazo, de sete anos.


A Itaúsa desembolsará R$ 1,750 bilhão por 50% das participações adquiridas, que corresponde a 27,12% do capital total da Alpargatas.


Recompra


Na teleconferência, a Itaúsa informou que tem feito recompra de suas ações para aproveitar o preço dos papéis na bolsa. Alfredo Setúbal, presidente e diretor de relações com investidores da Itaúsa, observou que as ações têm sido negociadas com descontos de 26% a 28%, o que considera "exagerado".


No ano de 2017, companhia já fez recompra de ações no valor de R$ 449 milhões, sendo a totalidade de ações ordinárias. No ano passado, a recompra foi de R$ 204 milhões. "A companhia tem aumentado o valor da recompra em função do aumento do desconto. Estamos aproveitando o desconto das ações ordinárias em relação às preferenciais", afirmou.


Setúbal também disse que tem feito chamadas de capital para fazer frente a investimentos. "Em 2012, a chamada foi relativa à compra de ações do Itaú que estavam com o Bank of America", citou Setúbal.


A companhia também tem feito aumento de capital sem ofertas públicas, dando preferência para acionistas, com pequeno desconto em relação ao preço de mercado.


O executivo disse ainda que a Itaúsa não vai alterar a política de dividendos.