Dólar zera alta pós-delação da JBS
O dólar registrou queda pela décima sessão consecutiva e a cotação voltou a patamares vistos pela última vez antes do estouro da crise política, há dois meses.
Analistas, no entanto, não chegam a afirmar que o prêmio de risco do câmbio foi eliminado, uma vez que entendem que, sem a crise deflagrada pelos áudios da JBS, o dólar estaria agora em torno de R$ 3 ou abaixo. De qualquer forma, a devolução integral da alta acumulada desde o começo da turbulência chama atenção, especialmente considerando que o mercado continua a duvidar da aprovação da reforma da Previdência para este ano.
O movimento desta quinta-feira reforçou o peso do exterior no atual processo de enfraquecimento do dólar. A moeda americana opera nas mínimas em 11 meses frente a uma cesta de divisas emergentes. Mais cedo, o ICE U.S. Dollar Index - que mede o desempenho do dólar frente a um conjunto de seis moedas do G-10 - tocou o menor patamar em 13 meses.
A frustração da expectativa de medidas que gerem inflação nos EUA explica a maior parte da desvalorização do dólar das últimas semanas. O presidente Donald Trump vê seu poder enfraquecido no Congresso, o que dificulta a aprovação de medidas do lado fiscal e de infraestrutura, por exemplo. Em última análise, o afrouxamento fiscal poderia levar a mais inflação, conduzindo o Federal Reserve (Fed, BC americano) a novas altas de juros, movimento que daria fôlego ao dólar.
Também o tom "hawkish" do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, tem pressionado o dólar, uma vez que tira o Fed do posto de único grande banco central a caminho de reduzir estímulos monetários. O euro bateu hoje US$ 1,16582, máxima desde agosto de 2015.
Por fim, a trégua do lado político no Brasil, em meio a expectativa de fluxos ao país - ajudada pela perspectiva de farta liquidez global -, completa a lista de motivos para a queda do dólar.
No fechamento das operações interbancárias, o dólar caiu 0,71%, para R$ 3,1266. É o menor patamar desde 16 de maio (R$ 3,0954) - portanto, um dia antes do estouro da crise política.
Desde a máxima de R$ 3,3836 do dia 18 de maio - quando o dólar disparou 8% -, a moeda americana já acumula perda de 7,60%.
Em dez pregões consecutivos de baixa, o dólar já perdeu 5,28% de seu valor. É a mais longa série de baixas desde 2010 e está entre as três mais longas de toda a história do Plano Real.
O real sobe 6,01% ante o dólar no acumulado de julho, melhor desempenho entre 33 pares da moeda americana.
Queda global do dólar
Evolução da taxa de câmbio (R/US) e do índice DXY
Fonte: Valor PRO e ICE.
Observações: Taxa de câmbio: eixo da direita. DXY: eixo da esquerda
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