Dólar tem maior alta em sete semanas com tensão no exterior
A maior aversão a mercados de risco penalizou o real nesta quarta-feira, pregão marcado por quedas de moedas emergentes ao mesmo tempo que ativos considerados seguros brilharam.
No Brasil, o dólar comercial subiu 0,72%, a R$ 3,1520. É a maior alta desde a valorização de 1,32% do dia 20 de junho. A cotação terminou no patamar mais alto desde 27 de julho (R$ 3,1548).
No exterior, uma cesta de divisas emergentes atingiu uma mínima em quase um mês, em queda de 0,43% sobre o fechamento de ontem.
Paralelamente, o iene e o franco suíço - tradicionais portos seguros em tempos de incerteza - tinham firmes ganhos. O dólar chegou a cair 1,23% ante o franco, maior queda em um mês e meio. Já o iene chegou a ser negociado a 109,52 por dólar, máxima em quase dois meses.
As preocupações ainda refletem o tom bélico adotado desde ontem pelos governos americano e norte-coreano. O presidente americano, Donald Trump, chegou a falar em renovar e modernizar o arsenal nuclear dos EUA.
Em meio ao ambiente externo já arisco, o real sofreu pressão extra pelas dúvidas sobre o andamento de medidas de correção das contas públicas. A informação que azedou de vez o humor foi novo adiamento na leitura do relatório da MP 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) no lugar da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A impossibilidade de leitura se deveu à falta de quórum. Agora, o documento será lido no dia 15, atrasando todo o cronograma anteriormente acertado. A MP precisa ser apreciada até 6 de setembro para não perder a validade. Nas palavras do relator da MP, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), o cronograma agora ficou "apertado".
A reação do mercado ao adiamento é explicada porque, para investidores, a introdução da TLP ajudará a reduzir o subsídio implícito em financiamentos do BNDES corrigidos pela TJLP. O subsídio é tido como um dos enfraquecedores da política monetária, o que acaba exigindo uma Selic mais alta para controle da inflação, com desdobramento negativo sobre a atividade econômica.
A aprovação da TLP é vista como mais um instrumento no caminho de correção das contas públicas, especialmente diante das dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar a reforma da Previdência ainda neste ano.
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