Ata do Copom contribui para queda de juros futuros de curto prazo
Os juros futuros de curto prazo terminaram a sessão regular desta terça-feira em baixa. A sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que não está preso a um determinado plano de voo abre espaço para debate sobre o ritmo de corte de juros e o ponto final do atual ciclo de afrouxamento.
A leitura majoritária, reiterada na ata do último encontro do colegiado, é de uma desaceleração do passo a partir de outubro. Com isso, se consolida a aposta de corte de 0,75 ponto percentual da taxa em outubro, com queda até cerca de 7% no fim do ciclo. Em caso de novas surpresas com a inflação, nem os dirigentes da instituições nem o mercado descartam uma taxa final em nível ainda mais baixo que o precificado.
Em meio a essa discussão, o mercado dá sinais de que o caminho esperado para a Selic ainda é de baixa. Dentre os patamares, as taxas recuaram até os vencimentos de meados de 2019. A diferença entre o DI janeiro de 2019 e o DI janeiro de 2018 - que reflete expectativas para a política monetária no ano que vem - caiu a zero, ante 0,015 no fechamento de ontem.
Por volta das 16h, no fim da sessão regular, os dois vencimentos estavam em 7,64 ponto, ante 7,660% e 7,680% nos respectivos ajustes da véspera.
Na ata, o Copom optou por manter a flexibilidade explicitando custos e benefícios dessa estratégia. "Embora tal ajuste seja algo que todos esperariam do BC por causa de uma mudança de circunstâncias, é curioso notar que a autoridade monetária queira enfatizar que tal abordagem padrão é uma opção", diz a equipe do Haitong. É como se o BC "quisesse nos lembrar que todas as opções estão em suas mãos."
Por outro lado, a alta dos juros longos na sessão desta terça-feira mostra que o cenário ainda tem risco. Há cautela com o ambiente político no Brasil. Os pontos de alerta englobam desde a prisão do ex-ministro Geddel Vieira, a delação do ex-doleiro Lúcio Funaro até o inquérito da Polícia Federal (PF) que envolve o presidente Michel Temer (PMDB).
No fim da tarde, veio ainda informação de que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou abertura de inquérito contra Temer. A medida estaria relacionada ao decreto dos portos. O mercado mais afetado foi o de câmbio e o dólar chegou a subir mais de 1%.
No fim da sessão regular, o DI janeiro/2021 subia a 9,020% (8,990% no ajuste anterior).
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