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Indefinição política mantém juros futuros longos perto da estabilidade

13/09/2017 17h03

Os juros futuros terminam sessão regular desta quarta-feira próximos da estabilidade. A falta de direção das taxas reflete as indefinições da cena política. Os agentes financeiros ainda aguardam uma eventual denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. O que fica mais claro, entretanto, é que o mercado não vê o noticiário atual de Brasília com alarmismo.


O DI janeiro de 2021 - que reflete a percepção de risco de prazos maiores - marcava 9,020% (9,020% no ajuste anterior) por volta das 16h, enquanto o dólar comercial subia 0,20%, a R$ 3,1349.


A expectativa pelo novo capítulo da disputa entre PGR e Temer coloca os investidores na retranca, mas não reverte a tendência positiva do mercado. A percepção, por ora, é que a denúncia não teria força suficiente para angariar apoio da Câmara dos Deputados. Por outro lado, uma tentativa de avançar com a reforma da Previdência poderia ser postergada novamente.


O mercado teria assimilado a ideia de que uma reforma mais robusta ficou para 2019, após a disputa eleitoral do ano que vem, de acordo com o operador de um corretora paulista. Até por isso, o potencial de melhora dos ativos com uma eventual aprovação, mesmo de uma proposta mais enxuta, superaria o risco de uma decepção. "O mercado não compra mais a ideia de piora", diz o profissional.


Os trechos mais curtos da curva de juros se beneficiam da leitura de que há espaço para queda da Selic. Na avaliação do operador Matheus Gallina, da Quantitas, os integrantes do Banco Central, inclusive seu presidente Ilan Goldfajn, tem mostrado um viés mais "dovish" (voltado para o afrouxamento monetário). A interpretação é que a atenção de Ilan "está em risco mais negativo para inflação", afirma.


Com isso, o mercado volta a tirar prêmio nas apostas para política monetária ao longo de 2018. "Tem prêmio exagerado para o ano que vem, chegou a precificar 150 pontos-base de alta", diz Gallina. É natural que o mercado tenha prêmio nos períodos à frente mas, aponta, as projeções não correspondem com as elevações de taxas embutidas nos preços. Grande parte dos especialistas estima que a Selic ficará estável no ano que vem, próximo de 7%.


Um dos indícios da perspectiva de juro baixo está na diferença do DI janeiro de 2019 e o DI janeiro de 2018, que entrou em território negativo nesta quarta-feira, a 0,035 ponto percentual. O resultado sinaliza riscos menores na percepção do mercado para o ano que vem. Ontem, essa diferença terminou o dia quase zerada.


No fim da sessão regular, o DI janeiro/2018 caiu a 7,625% (7,645% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 recuou a 7,610% (7,640% no ajuste anterior).