Ibovespa ignora risco político e fortalece alta; dólar sobe
Com uma agenda política mais esvaziada, o Ibovespa deixa de lado a permanência de incertezas do cenário político e caminha nesta sexta-feira (15) para mais um fechamento recorde, aproveitando o bom humor do investidor local com a economia e entrada de fluxo em bolsa.
Às 13h25, o Ibovespa tinha alta de 0,88%, aos 75.311 pontos, depois de uma abertura modesta.
Analistas apontam que a denúncia apresentada ontem (14) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB) já está de fato no preço e não ameaça a continuidade da retomada da economia.
"Fato novo é que o [ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson] Fachin vai segurar o envio da denúncia para a Câmara [dos Deputados] até semana que vem, mas o entendimento do mercado é que Temer não terá grandes entraves para conseguir barrá-la", diz um operador.
Entre indicadores relevantes que dão sustentação positiva ao mercado acionário está a queda da inflação e dos juros, movimento que estimula a migração de investidores locais da renda fixa para a renda variável, dando impulso a ativos da bolsa.
Segundo Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos, fundos de ações e também fundos multimercados têm aumentado a parcela de ações em seus portfólios de investimento, reforçando a perenidade da alta para o Ibovespa.
"Estamos vendo uma entrada de fluxo na bolsa, com investidores buscando retorno em função da dificuldade de ter rentabilidade com juros e câmbio. Esses investidores estão vendo no mercado de ações uma janela de oportunidade", diz ele.
Na ponta positiva, a recuperação de alguns ativos penalizados recentemente dá suporte à alta do Ibovespa. No destaque estão a Eletrobras PNB, que avança 3,99%, liderando os ganhos.
No mesmo sentido operam as siderúrgicas, com CSN subindo 3,75%. Ontem, os papéis do setor tiveram fortes perdas após dados da produção industrial chinesa frustrarem o mercado e puxaram baixa para commodities como o minério de ferro.
A BRMalls sobe 3,63%, enquanto a Klabin avança 3,41% e, a JBS, 3,38%.
Entre as perdas do Ibovespa, a mais expressiva é a da Kroton (-1,23%), seguida por Estácio (-1,13%), Cyrela (-0,69%), Engie (-0,54%) e Ecorodovias (-0,53%).
Câmbio
O dólar oscilou hoje entre os terrenos positivo e negativo, acompanhando o exterior e também refletindo alguma cautela na véspera do fim de semana. Embora a leitura geral seja de que a denúncia encaminhada pela PGR contra Temer deva ser rejeitada pelo Congresso, essa indefinição pode inibir investidores de fazer apostas favoráveis à moeda local por ora.
Às 13h36, o dólar subia 0,41% para R$ 3,1274. Na mínima, foi a R$ 3,1160 e, na máxima, para R$ 3,1317. O contrato futuro para outubro subia 0,27% para R$ 3,1345.
Em relatório distribuído hoje a clientes, a XP Investimentos afirmou que indefinições locais e também a dinâmica de retomada do crescimento de países impede que haja uma tendência bem definida para o dólar e, por isso, a casa passou a trabalhar com um intervalo para o rumo do dólar para R$ 3,00 a R$ 3,30, em vez da estimativa de R$ 3,12 definida anteriormente.
Na cena internacional, podem influenciar a valorização do dólar o estímulo fiscal americano, considerando que a reforma tributária nos Estados Unidos pode ter um desfecho positivo. A perspectiva de normalização do balanço pelo Federal Reserve (Fed) e o crescimento da economia americana também são fontes de valorização do dólar.
Por outro lado, pode contribuir para o enfraquecimento da moeda americana a reaceleração do crescimento de economias emergentes, com importante contribuição da China, com impacto benigno no comércio mundial. Os indicadores na China, diz o relatório da XP, mostram que o ciclo de desaceleração já se completou.
Juros
Os juros futuros passaram a manhã sem movimentação relevante, depois de uma semana de importantes correções tanto nos contratos mais curtos quanto nos mais longos. Segundo operadores, o mercado já acomodou na curva a expectativa de que a Selic deve seguir em queda e chegar perto de 7% ainda este ano. E, depois de reduzir uma parte do prêmio de risco exigido nos prazos mais longos, agora espera que novos eventos justifiquem a continuidade desse movimento.
A visão do mercado é que, hoje, uma Selic a 7% é o cenário mais provável. Mas, caso haja alguma surpresa de queda mais forte da inflação - o que é considerado hoje um risco relevante -, a taxa pode cair para baixo desse patamar, a despeito dos sinais de retomada da atividade. Uma nova elevação da taxa, entretanto, vai depender da evolução da reforma da Previdência.
"O mercado tem hoje 15% de chance de aprovar uma reforma equivalente a 50% do texto original, basicamente com idade mínima e regra de transição. Nós continuamos achando que será muito difícil aprovar uma reforma robusta até o final do ano", afirma o sócio e gestor da Modal Asset Management, Luiz Eduardo Portella.
Na BM&F, DI janeiro/2019 tinha taxa de 7,520%, de 7,540% no ajuste de ontem; e DI janeiro/2021 era negociado a 8,950% (8,930% ontem).
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