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Na semana, dólar acumula alta de 0,62%

15/09/2017 17h55

A alta do dólar foi revertida ao longo da tarde desta sexta-feira (15), acompanhando alguma descompressão vinda do exterior. No fim da sessão, a divisa se aproximou da estabilidade. A cotação no mercado de balcão ficou em R$ 3,1137 (-0,03%), com alguma distância da máxima de R$ 3,1317, do começo do dia.


Na semana, a divisa acumulou alta de 0,62%, também influenciada por alguma correção de alta vinda do exterior. Isso porque os efeitos do furacão Irma foram menores que o alertado para a economia dos EUA, beneficiando os ativos americanos.


Fed


O sinal do dólar deve ser colocado em xeque novamente na semana que vem com a decisão de política monetária do Federal Reserve. Não se espera mudança nas taxas de juros, mas o banco central americano pode trazer novos detalhes sobre seu plano de reduzir o balanço patrimonial. Além do anúncio, o evento da próxima quarta-feira (20) contará com a entrevista da presidente Janet Yellen.


Por ora, a leitura no mercado é de que a liquidez externa deve continuar ampla por algum tempo. No entanto, uma mudança nesse panorama é considerada um dos principais riscos futuros para o câmbio.


"Os problemas estruturais de longo prazo seriam destacados nesse caso e teríamos menos tempo para que as reformas estruturais fossem aprovadas", alerta o sócio e gestor da MRJ Marejo, Guilherme Foureaux. O cenário do especialista contempla taxas ao redor de R$ 3,00 por dólar para o fim desse ano e R$ 3,20 para o término de 2018.


Denúncia contra Temer


Os riscos domésticos também entram nas contas dos investidores, mas o ambiente de negócios ainda é avaliado como construtivo. Isso porque há a perspectiva de que a nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer seja barrada na Câmara.Ainda assim, não se garante um caminho aberto para tramitação da reforma da Previdência, vista como um dos principais pilares do ajuste das contas públicas.Até por isso, caso a medida avance em outubro, como diz o governo, "o mercado pode melhorar consideravelmente dos preços de hoje", acrescenta Foureaux, da MRJ Marejo.


Expectativas


A XP Investimentos passou a trabalhar com um intervalo para o rumo do dólar para R$ 3,00 a R$ 3,30, em vez da estimativa de R$ 3,12 definida anteriormente. A opção por uma estratégia que reflete a expectativa de "range trade" tem a ver com elementos pesando tanto a favor de uma desvalorização da moeda americana quanto pelo aumento de valor. Internamente, a XP considera que "um candidato reformista" deva sair vencedor das eleições em 2018, o que pesa a favor do fortalecimento do real. Entretanto, dado que a eleição tende a ter diversas candidaturas, e não polarizada como as anteriores, o grau de incerteza até seu desfecho deve ser mais elevado, o que aumenta a chance de volatilidade do câmbio.


O Banco Central também pode interferir no mercado em momentos de maior volatilidade, destaca a XP. Hoje, a autoridade monetária iniciou o processo de rolagem dos contratos de swap cambial que venceriam no começo de outubro. Mantido esse ritmo, o BC deve postergar o prazo de US$ 6 bilhões de contratos que expirariam em 2 de outubro. Com isso, deixará vencer US$ 3,975 bilhões (40%) de um lote de US$ 9,975 bilhões. Também deve diminuir o volume total no mercado para US$ 23,793 bilhões, ante o estoque atual de US$ 27,768 bilhões.


O BC indica, assim, a retomada das rolagens parciais dos contratos, depois de postergar integralmente os lotes dos últimos meses. Desta vez, o volume a ser liquidado é menor que das outras rolagens parciais neste ano. Para o lote de abril, o BC deixou vencer US$ 4,211 bilhões (43% do lote), enquanto que no lote do mês anterior foram retirados do mercado US$ 4,554 bilhões (65% do lote).