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Dólar sobe quase 1% e marca R$ 3,15 pela primeira vez em setembro

25/09/2017 17h52

O dólar superou o nível de R$ 3,15 pela primeira vez no mês de setembro. A alta da divisa americana vai até um pouco mais além. Com avanço de quase 1%, esta foi a variação mais acentuada em cinco semanas. O movimento é atribuído, em parte, ao ambiente de busca por segurança no exterior, em detrimento de ativos de maior rentabilidade como as moedas emergentes.


Foram justamente as divisas pares do real que registram os piores desempenhos diários. Este foi o caso da lira turca e de papéis europeus como o florim da Hungria, o zloty da Polônia e a coroa checa. As perdas chegaram a mais de 1%. Por outro lado, apenas duas moedas - iene japonês e o franco suíço - se valorizam frente ao dólar, caracterizando o cenário de aversão ao risco.


Por aqui, o dólar comercial fechou em alta de 0,96%, a R$ R$ 3,1576. Este foi o nível mais alto desde 30 de agosto, quando marcou R$ 3,1601. Já a elevação percentual só não supera a de 1,04% no dia 17 do mês passado. A cotação do contrato futuro para outubro, por sua vez, estava em R$ 3,1605, com avanço de 1,04% por volta das 17h30.


O movimento foi amparado pelo ajuste global à percepção de que a maioria dos dirigentes do Federal Reserve, banco central americano, mantém a estimativa de mais uma elevação de juros neste ano. Os juros futuros do Estados Unidos precificam quase 69% de chance de um aperto monetário em dezembro, bem acima dos 40% há um mês. Amanhã, é a vez da presidente da instituição, Janet Yellen, fazer pronunciamento, algo que deve ser acompanhado de perto pelos investidores internacionais.


O ambiente mais arisco também foi alimentado pelo aumento da participação da extrema direita no parlamento alemão e pela perda de apoio à chanceler Angela Merkel. O alerta na Europa se somou à persistente troca de farpas verbais entre Coreia do Norte e Estados Unidos. "Não houve internamente nada muito forte para se sobrepor à pressão externa", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe CM Capital Markets. Por outro lado, "os eventos de política monetária não devem trazer volatilidade muito relevante para o real, já que todos os passos estão sendo bem sinalizados", acrescenta.


Domesticamente, os investidores não acreditam que a nova denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) prosperará na Câmara. Ainda assim, evitam apostar que o caminho está livre para retomada da reforma da Previdência. "Ainda há um desconforto com a votação da reforma. Como ainda não voltou a ser discutida de fato, não dá para precificar para um lado ou para outro", acrescenta Abdelmalack.


Apesar da pressão nesta segunda-feira, o intervalo informal do dólar, de R$ 3,10 a R$ 3,15, ainda é visto como "equilibrado", de acordo com agentes financeiros.


Para o sócio e gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica, o dólar tem ampliado sua correlação com o exterior e, por causa disso, é hoje o ativo que menos reflete a melhora do humor doméstico - que, para ele, não foi eliminado. "A correlação com o mercado internacional deve ser maior, num momento em que cresce a visão de dólar mais forte no mundo", afirma. A perspectiva de alta de juros pelo Fed em dezembro e também no ano que vem está por trás dessa correção, que deve limitar a tendência de apreciação do real. "Talvez o dólar não reflita tão diretamente a melhora do ambiente local por causa desse movimento global", diz. "O câmbio ficará dividido entre as questões externas e a perspectiva de fluxo externo."