Real tem leve alta, mas caminha para pior semana desde meados de maio
A sequência de alta do dólar foi pausada nesta quinta-feira. Depois de se aproximar um pouco mais de R$ 3,20 durante a manhã, a moeda americana foi alvo de ajustes em linha com boa parte dos mercados emergentes. Ainda assim, o câmbio doméstico caminha para sua pior semana desde meados de maio quando estourou a crise política no Brasil.
Desta vez, o principal catalisador do movimento é externo: a reavaliação do cenário econômico dos Estados Unidos. O mercado americano de juros futuros precifica mais de 70% de chance de novo aperto monetário por lá em dezembro, mais que o dobro da aposta há um mês.
Até por isso, os agentes financeiros seguem atentos aos sinais da atividade e inflação. Hoje, por exemplo, a revisão dos dados do PIB americano apontou para crescimento de 3,1% no segundo trimestre, ainda bem próximo da primeira leitura de 3%. E nesta sextas-feira, serão conhecidos dados de renda pessoal e gastos, que servem de referência para avaliar o cenário de inflação.
A resposta global é de alta firme do dólar nesta semana. Por aqui, a divisa acumula ganho de 1,75%, mesmo com a queda de 0,36% nesta quinta-feira, a R$ 3,1823. Se esta variação semanal for mantida até o fim da tarde de amanhã, será o pior desempenho do câmbio brasileiro desde que o dólar disparou 4,25% em maio, quando foram divulgadas as conversas entre o empresário Joesley Batista, da JBS, e o presidente Michel Temer (PMDB).
A partir daquele evento, a reforma da Previdência saiu da pauta do Congresso. O tema é bastante debatido por agentes financeiros e políticos. O discurso do governo é que a tramitação da medida pode ser retomada em outubro. No entanto, a ausência de novidades positivas tem contido a esperança dos profissionais de mercado sobre a aprovação ainda na administração Temer.
O mercado ainda acredita que as novas denúncias da PGR contra o presidente não vão prosperar na Câmara. Mas esse evento acaba travando um pouco a disposição dos investidores a assumir riscos, especialmente pelo fato de que a evolução da agenda de reformas também fica mais lenta. E isso contribui para a correção dos preços.
Nos últimos dias, o mercado de câmbio também trabalhou com a perspectiva de que o Banco Central deve retirar quase US$ 4 bilhões de liquidez do sistema. Esse valor diz respeito a parte dos contratos de swap cambial que vencem em outubro. Os outros US$ 6 bilhões desse lote foram rolados para outros prazos. O processo de rolagem foi concluído hoje, caso a autoridade monetária mantenha o costume de não fazer leilões desse tipo no último dia útil do mês.
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