Cena política inspira cautela; Bolsa cai e dólar sai abaixo de R$ 3,18
O Ibovespa inicia a segunda etapa do pregão desta terça-feira com uma queda ao redor de 1%, ainda sustentando os 76 mil pontos, em dia que os eventos políticos brasileiros voltam a ganhar relevância para os investidores.
Às 13h20, o Ibovespa recuava 0,96%, aos 76.157 pontos, depois de tocar os 76.046 pontos na mínina intradia.
Entre as baixas, a ênfase vai para as ações de Embraer (-4,89%), que reagem à criação de uma sociedade entre a francesa Airbus e a canadense Bombardier para um projeto de aeronaves comerciais ? as duas empresas são concorrentes da fabricante brasileira de jatos.
Estimulado pela pressão por realização de lucros depois de tocar máximas históricas muito rapidamente, hoje o mercado local opera com maior cautela, diante da votação de parecer envolvendo a denúncia contra o presidente Michel Temer.
Embora parte dos investidores ainda tenha confiança de que o presidente manterá importante caminho rumo a reformas consideradas relevantes para o mercado, como a da Previdência, a proximidade desses eventos força a saída de ativos com maior liquidez.
Para Rafael Gonzalez, sócio da Platinum Investimentos, é esse evento que hoje estimula a queda generalizada das ações do Ibovespa ? somente cinco ações sobem agora: CPFL, Hypermarcas, MRV, Ultrapar e WEG.
A revisão o rating da Petrobras pela Moody's, um evento que é positivo para as ações da empresa, também não teve força para, sozinho, impulsionar os negócios com as ações da companhia. Petrobras PN tinha queda de 0,19% e Petrobras ON registrava decréscimo de 0,78%.
Operadores continuam, por outro lado, reforçando que a tendência do índice ainda não mudou, a despeito dos riscos na frente política, e que recuos mais acentuados são esperados e abrem janelas para que o mercado retome oportunidades de alta em breve.
Câmbio
O dólar volta a operar em alta na sessão desta terça-feira, mas numa intensidade menor que na véspera. Profissionais de mercado apontam que agora estão à espera de novidades na cena política ou sinais sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, banco central americano) antes de assumir novas posições no câmbio.
A desvalorização da moeda brasileira é até menor que de alguns pares. Numa lista das principais 33 moedas globais, o real fica entre cinco melhores desempenhos diários, logo atrás do peso mexicano. Essa é uma dinâmica inversa a de segunda-feira, quando esses dois papéis encabeçaram as maiores perdas do dia.
O sinal de alta do dólar no exterior é amparado, em boa parte, pelo debate sobre quem assumirá a presidência do Fed a partir do ano que vem. O mandato da atual presidente, Janet Yellen, termina no começo de fevereiro.
Enquanto se discute o futuro do Fed e ritmo de aperto monetário, tem prevalecido no Brasil as operações com dólar no intervalo de R$ 3,15 a R$ 3,20 ao longo das últimas três semanas.
Às 13h23, o dólar comercial subia 0,17%, a R$ 3,1774, com máxima em R$ 3,1834.
Aguarda-se ainda o desfecho da denúncia contra o presidente Michel Temer. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara começou hoje o debate sobre o texto da inciativa da PGR. A expectativa na base aliada é de que o texto seja votado na CCJ até quinta-feira e possa chegar ao plenário da Casa na semana que vem. Ainda há confiança de que a denúncia não chegará até o Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o risco é de que a lentidão e os atritos no Legislativo reduzam as chances de retomada da agenda de reformas.
Juros
Os juros futuros apontam para baixo nesta terça-feira, destoando do sinal de alta do dólar. O movimento é atribuído por operadores a ajustes técnicos, com pressão de venda nas taxas diante do elevado prêmio dos trechos mais longos.
Às 13h26, o DI janeiro/2021 marcava 8,970% (8,990% no ajuste anterior).
Entre os contratos mais curtos, DI janeiro/2018 recuava a 7,373% (7,390% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 era negociado a 7,280% (7,280% no ajuste anterior).
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