IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

'Nunca roubei nem uma maçã para não envergonhar minha mãe', diz Lula

28/10/2017 00h25

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar nesta sexta-feira integrantes da Operação Lava-Jato e a dizer que não há outra forma de barrar sua vitória em 2018 a não ser pelo voto.


Líder nas pesquisas, Lula e o PT convivem com a dúvida se ele poderá disputar ou se será impedido por uma eventual condenação em segunda instância em um dos processos sobre corrupção de que é alvo.


"Só tem um jeito de eles me barrarem: é ganhar de mim nas eleições de 2018", disse Lula num palanque armado na praça central de Montes Claros, principal cidade no norte de Minas Gerais. Foi o local onde ele realizou mais um comício no interior do Estado, onde tem feito pré-campanha desde segunda-feira.


Lula chamou de "bando de meninos" os integrantes da Lava-Jato e disse que não vai permitir que eles julguem "a história de um homem de 72 anos" que se dedicou aos mais pobres. Ele fez aniversário hoje.


Num tom desafiante e já corriqueiro, Lula disse que seus acusadores parecem estar acostumados com políticos que diante de qualquer denúncia "enfiam o rabo entre as pernas".


Sob gritos e aplausos de um público que lotou a praça, ele insistiu na tecla de que é acusado injustamente.


Disse que nunca roubou nem uma maçã quando garoto para não envergonhar sua mãe. "Não é aos 72 anos que eu vou roubar um centavo para envergonhar milhões e milhões de pessoas que confiaram em mim".


No palanque também estava a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a presidente nacional do partido, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), deputados, lideranças regionais petistas, além de dirigentes da CUT e do MST.


A mensagem dos oradores que o antecederam foi uma só: a de colocar antecipadamente em dúvida as eleições do ano que vem caso Lula seja impedido de disputá-las.


Dilma, afastada do cargo no ano passado pelo processo de impeachment, sintetizou a ideia do partido afirmando que o crucial é "impedir que tenhamos uma eleição fajuta".


E acrescentou: "Só não será [eleição] de cartas marcadas se o presidente Lula puder concorrer".


Lula já foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz Sérgio Moro, decisão que, se confirmada, em segunda instância, poderá torná-lo inelegível.


A viagem por Minas e outras já programadas pelo Pará, Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e depois pelo Centro-Oeste são vistas como uma agenda de pré-campanha para consolidar sua candidatura e sua força eleitoral, o que poderia tornar mais difícil uma decisão judicial que venha impedir de ele disputar.


Antes do ato da noite, o ex-presidente se encontrou com o empresário Josué Gomes da Silva, do grupo têxtil Coteminas, fundado por José Alencar, vice-presidente da República em seus dois mandatos.


Lula volta a subir em palanques no fim de semana em cidades do interior de Minas e na segunda-feira encerra seu roteiro num comício em Belo Horizonte.