Exterior e cena política pesam no Ibovespa; dólar passa de R$ 3,29
(Atualizada às 15h01) O mercado brasileiro de bolsa tenta na tarde desta segunda-feira recuperar o espaço perdido depois da última semana, em que retrocedeu 2 mil pontos, mas luta para manter o patamar de 72 mil pontos, em um momento que tanto elementos do exterior quanto o ambiente doméstico brasileiro desenham um cenário difuso.
Perto das 15 horas, o principal índice da bolsa de valores cedia 0,11%, para 72.087 pontos, depois de oscilar com mais ênfase entre os níveis de 71 mil pontos e 72 mil pontos.
Do lado das altas, Vale ON (+1,04%) e Usiminas PNA (+3,72%), enquanto a Eletrobras ON (+1,80) e a PNB (+1,98%) também tinham ganhos.
Entre as baixas mais fortes, Suzano ON recuava 3,55%, enquanto Petrobras PN cedia 0,84%.
Câmbio
O comportamento do dólar no mercado brasileiro volta a refletir as incertezas que afetam boa parte dos mercados emergentes. A sessão desta segunda-feira é marcada, mais uma vez, por uma alta quase generalizada da moeda americana.
Na máxima, o dólar subiu até a cotação R$ 3,2979. A partir de então, o avanço perdeu fôlego, ainda "respeitando" a barreira psicológica de R$ 3,30.
Por volta das 15 horas, a divisa era negociada em alta de 0,42%, a R$ 3,2929.
Os catalisadores positivos na cena brasileira, por ora, são escassos. Os agentes financeiros aguardam novidades nos esforços do governo para avançar com uma versão mais enxuta da reforma da Previdência. Algo que pode angariar algum apoio do "centrão" é uma possível troca de ministros, mudança esperada para as próximas semanas.
Uma das incertezas vem ainda da posição do PSDB. O presidente licenciado da sigla, o senador Aécio Neves, criticou resistências de setores do partido em apoiar a reforma. Em paralelo, tem sido defendido o desembarque dos tucanos em relação à administração de Michel Temer. "O desembarque pode até abrir espaço para o centrão e aumentar o apoio para o governo, mas o comportamento dentro do PSDB ainda não é certo", alerta um profissional de mercado.
Os ativos globais também têm se ajustado a uma futura redução de liquidez oferecida pelas economias desenvolvidas, principalmente o Federal Reserve (Fed, banco central americano). As incertezas nos EUA passam agora principalmente pelo andamento da reforma tributária no Congresso. As divergências entre propostas apresentadas na Câmara e no Senado elevaram dúvidas sobre o ritmo do processo, trazendo perdas para as bolsas americanas na semana passada.
Juros
Os investidores têm mostrado mais interesse em títulos públicos federais de prazos maiores, atraídos pelos juros mais altos pagos por esses papéis. Nos primeiros 10 primeiros dias de novembro, o volume de negociação das NTN-F com vencimento em 2023 e 2027, dois dos títulos prefixados emitidos pelo Tesouro Nacional de prazo mais longo, passou a responder por mais da metade do total de outubro.
Considerando os dois prazos, foram 17,868 milhões de papéis negociados no período em questão. O volume responde por 24,1% do total de prefixados que trocaram de mãos entre o dia 1º e o dia 10 de novembro, incluindo NTN-F e LTN. A participação supera a fatia de 16,7% em outubro e os 10% de setembro.
A sinalização deixada no mercado secundário é de que os participantes - principalmente fundos de Previdência - estão operando de maneira mais ativa em busca de rendimento no começo deste mês, de acordo com profissionais de instituições bastante atuantes no segmento.
O recente aumento da negociação é atribuído à busca dos investidores por maiores rendimentos, aproveitando a recente alta dos juros mais longos no mercado.
Esse segmento de mercado - de títulos prefixados mais longos - já trabalha com uma demanda constante vinda de fundos de Previdência, que precisam ter esses papéis para cumprir os prazos médios de suas carteiras sem grandes riscos e, em alguns casos, atingir a meta atuarial.
Além dos preços mais atrativos, há ainda a indicação de que os agentes financeiros estão se antecipando ao fim do ciclo de corte de juros e a percepção de que as taxas devem, a partir de então, residir num patamar mais baixo que o atual.
O fato de o Tesouro ter reforçado recentemente as ofertas desses títulos no mercado primário, em seus leilões semanas, naturalmente reforça o estoque no mercado secundário.
O que tem contribuído para elevar as taxas de juro de prazo mais longo no mercado doméstico é, principalmente, uma correção global de preços de ativos. O mercado vem se antecipando a uma futura redução de liquidez oferecida pelas economias desenvolvidas, principalmente o Fed. Com isso, os juros globais operam em níveis mais elevados, enquanto as moedas de emergentes têm sido alvo de vendas.
No Brasil, o futuro da reforma da Previdência e a eleição de 2018 são elementos de incerteza que justificam um prêmio de risco mais elevado nas taxas. A despeito disso, o movimento recente no mercado de títulos públicos mostra que, ao menos neste momento, mais investidores têm aceitado elevar sua exposição. Mas, diante esse quadro tão incerto, profissionais de mercado observam que não há caminho claro para a demanda por títulos longos.
Às 15 horas, o DI janeiro/2021 tinha taxa de 9,42%, ante 9,41% no ajuste de sexta-feira passada. Já o DI janeiro/2023 era negociado a 10,21% e o DI janeiro/2027 tinha taxa de 10,77%.
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