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Ibovespa esquece exterior e mantém cautela antes de decisão do TRF-4

23/01/2018 19h33

Na véspera do julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá (SP), que acontece nesta quarta-feira (24), no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Ibovespa voltou aos 80 mil pontos com um maior tom de cautela dos investidores, que preferiram adotar uma postura mais defensiva na sessão desta terça-feira (23).


No fechamento, o Ibovespa teve queda de 1,22%, aos 80.678 pontos, depois de cair à mínima do dia em 80.524 pontos. O giro financeiro foi forte, de R$ 9,3 bilhões.


As quedas dos papéis do índice foram generalizadas, mas os destaques do dia ficaram por conta das siderúrgicas, como Usiminas (-4,71%, a R$ 10,72) e CSN (-3,91%, a R$ 10,33), e da mineradora Vale (-4,17%, a R$ 40,87), papel de maior giro do Ibovespa no dia. Entre as "blue chips", ênfase também para as ações da Petrobras, com a ON caindo 0,62%, a R$ 19,39, e a PN cedendo 0,97%, a R$ 18,29.


As ações da Eletrobras também voltaram ao campo negativo, acompanhando o ritmo do mercado como um todo, mas com ajuste adicional depois de registrarem forte alta no dia anterior pela assinatura do projeto de lei (PL) que trata da privatização da elétrica. No fechamento, a ON caiu 3,41%, a R$ 18,13, enquanto a PNB recuou 4,31%, a R$ 20,65.


Elemento que denota, segundo operadores, a cautela com o julgamento do TRF-4 amanhã é o movimento do exterior, hoje na contramão da bolsa local. O Dow Jones oscilava perto da estabilidade, enquanto S&P 500 e Nasdaq subiam e renovavam suas máximas (as bolsas americanas fecham às 19h de Brasília).


Para Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor, os investidores que não querem correr o risco de ter uma surpresa nesta quarta aproveitam para zerar posições para depois, vislumbrando uma correção do mercado, voltarem a se posicionar.


Há consenso de que o julgamento de Lula tem força para provocar uma onda de investidores embolsando lucros e desmontando posições caso o petista venha a ser absolvido, porque, na leitura dos agentes de mercado, isso abriria caminho para que ele possa participar das eleições ? o que joga dúvidas sobre o andamento da agenda de reformas.


Em caso de uma decisão contra o petista, o Ibovespa poderia ter um movimento de alta adicional, em especial se o placar for de 3x0, dado que isso elevaria as dificuldades de participação de Lula no pleito de outubro.


"Mas seria um efeito de curto prazo", destaca um operador. "O estrangeiro não vai deixar de colocar dinheiro em um país com perspectiva de ganhos para as empresas e crescimento da economia", diz. Até o dia 19 de janeiro, a entrada de recursos estrangeiros em bolsa alcançava R$ 5,6 bilhões, quase metade dos R$ 13,3 bilhões colocados no ano passado ? e diversas casas apontam para um Ibovespa em 90 mil pontos no fim do ano.