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Exterior coloca Ibovespa no campo negativo; dólar volta a subir

07/03/2018 13h54

O Ibovespa tem uma sessão negativa, seguindo o ambiente mais cauteloso que se vê no exterior. A notícia que concentrou as atenções foi a renúncia do principal assessor econômico da Casa Branca, Gary Cohn. Por ser um nome pró-mercado, sua saída eleva o nível de incertezas e coloca investidores numa postura mais defensiva.


ÀS 13h50, o Ibovespa caía 1,18% para 84.644 pontos. Na mínima, cedeu a 84.659 pontos.


A ação mais negociada era Petrobras ON (-1,42%), com um giro de R$ 620 milhões. A queda do preço do petróleo contribui, junto com o clima negativo que se vê no mercado internacional, para pressionar as ações. Declarações de ontem do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sugerindo uma possível mudança na política de preços da empresa, também contribuem para colocar os preços para baixo.


Outro destaque negativo é Vale ON, segundo maior giro do índice (R$ 376 milhões), com perda de 1,82%. Além do ambiente externo, pesa sobre o papel o temor de que uma venda em massa das ações da mineradora seja desencadeada pela Litel Participações. Representante dos fundos de pensão das estatais, a Litel convoca para 21 de março uma assembleia geral extraordinária para redução do capital social e entrega de 201,142 milhões de ações da Vale aos acionistas ? os fundos representados ?, ao valor unitário de R$ 28,02 cada.


A decisão ocorre com o fim do bloqueio ("lockup"), que impedia por seis meses a venda de ações pelos controladores após a assinatura do novo acordo de acionistas da Vale.


De acordo com um operador de mercado, a incerteza em relação ao comportamento dos fundos faz com que os investidores optem por se desfazer dos papéis, aguardando por uma queda nos preços a ser gerada gerada por um eventual movimento de venda em grande volume.


Eletrobras é outro destaque negativo. A ação PNB caía 4,44%, enquanto o papel ON recuava 3,85%. A preocupação com a capacidade do governo avançar na agenda da privatização da Eletrobras provoca a queda das ações da companhia nesta manhã. Ontem à noite, a Câmara adiou a instalação da Comissão Especial que deve analisar o processo de desestatização da companhia por problemas relacionados ao regimento interno da Casa.


Mas a maior queda é Smiles ON, que cede 13,09%. O papel reage à mudança na política de distribuição de lucro. A empresa informou que pretende distribuir 25% do seu lucro líquido em 2019.


Na ponta positiva, chama a atenção a recuperação de BRF ON. O papel sobe 2,40%, após acumular uma queda de 21,7% em duas sessões. Parte do movimento é atribuída à notícia, publicada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", de que o fundo Temasek estaria interessado em um possível investimento na companhia. Mas, em entrevista aoValor, um representante do Temasek negou que o fundo esteja estudando comprar fatia relevante da BRF. "No cenário atual seria impossível fazer qualquer coisa", disse a fonte.


Dólar


O recrudescimento de temores de guerra comercial no mundo volta a pressionar ativos de risco no mundo, o que no mercado de moeda se reflete na alta do dólar frente ao real e a outras divisas emergentes.


Às 13h50, o dólar comercial subia 0,88%, a R$ 3,2371. O dólar para abril avançava 0,85%, a R$ 3,2450.


As preocupações voltaram a se elevar depois de Gary Cohn, principal conselheiro econômico do presidente americano, Donald Trump, ter pedido demissão do cargo. Cohn era uma importante voz contrária às propostas comerciais de Trump, tidas como protecionistas, e alertava que os mercados financeiros poderiam reagir negativamente à retórica comercial do presidente americano.


O tom mais ameaçador de Trump é visto com preocupação em várias classes de ativos porque pode afetar o crescimento global sincronizado, responsável pelo otimismo vigente desde o ano passado e que funcionou como firme apoio à melhora de expectativas para mercados emergentes como um todo.


Basta lembra que, no ano passado, a balança comercial brasileira registrou superávit recorde de US$ 67 bilhões. O índice de demanda externa efetiva calculado pela Funcex acumulou alta de 14,7% em 12 meses até novembro, segundo números mais recentes.


O Brasil não passaria incólume a um ambiente internacional mais protecionista, mas analistas ressalvam que, considerando apenas as propostas vindas dos EUA, o impacto sobre o real é reduzido quando comparado a outras divisas.


De acordo com o Goldman Sachs, moedas da Ásia emergente, como ringgit malaio e dólar de Singapura, seriam as mais expostas, enquanto o real estaria no fim da lista, embora com maior vulnerabilidade que alguns de seus pares, como peso chileno e rublo russo.


Juros


Os juros futuros de curto prazo voltam a mostrar uma dinâmica positiva nesta quarta-feira, a despeito do ambiente externo mais adverso. As taxas operam em baixa desde o início da sessão, refletindo a perspectiva de inflação contida e recuperação gradual da atividade.


Na conjuntura econômica atual, a aposta de parte do mercado é de que a taxa básica de juros pode permanecer baixa ou não subir no médio prazo. Isso explica a queda do DI janeiro de 2020, contrato mais negociado do dia, para 7,360% ante 7,390% no ajuste anterior.


ODI janeiro/2021 operava estável em 8,280%. Já o DI janeiro/2023 subia a 9,160%, de 9,130% no ajuste anterior.