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FGV: Eleições e retomada mais lenta afetam humor da indústria em abril

19/04/2018 14h51

O humor do setor industrial pode ter sido afetado em abril pelas incertezas eleitorais, além da recuperação da atividade econômica em ritmo mais moderado do que o previsto, de acordo com Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria de Transformação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O instituto divulgou nesta quinta-feira (19) que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,7 ponto na prévia de abril, em relação ao fim de março, para 101,0 pontos, primeira queda desde junho do ano passado. Apesar do recuo, Tabi vê uma manutenção de tendência de recuperação do indicador ao longo deste ano.

A queda da confiança em abril é explicada pela baixa de um de seus componentes, o Índice de Expectativas (IE), que recuou 1,6 ponto no mês, para 101,2 pontos. Segundo a especialista, a queda da prévia do IE no mês de abril seria algo esperado, após dois meses consecutivos de alta, e considerando que o país cruza um ano eleitoral.

"A tendência é que as eleições gerem oscilações no índice de confiança, especialmente sobre as expectativas dos empresários", diz.

Questionada se a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) influenciou os humores de empresários, ela disse que não seria possível inferir isso diretamente no índice. "Provavelmente teve alguma influência, mas está no bolo. A influência eleitoral é uma interpretação nossa, não está no questionário", diz.

Em abril, o Índice da Situação Atual (ISA) ? outro componente do índice de confiança ? permaneceu relativamente estável, ao subir 0,1 ponto, para 100,7 pontos. Da mesma forma, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) ficou estável em 76,1% na prévia de abril, após dois meses de forte expansão.

Segundo Tabi, esses dois resultados podem também estar ligados à recuperação mais lenta do que a prevista da atividade econômica. No caso do Nuci, o indicador havia avançado de 74,7% em janeiro para 76,1% em fevereiro, gerando a expectativa que a ociosidade da indústria começaria a recuar em uma velocidade mais rápida.

"O indicador de uso de capacidade tinha gerado certo ânimo, de que finalmente estava avançando. E, agora, veio o dado de estabilidade. Esse comportamento não está só relacionado ao humor, mas também a uma recuperação mais lenta do que a esperada da economia como um todo", afirma a especialista

Um sinal negativo na prévia foi a disseminação da melhora na confiança. De 19 segmentos, 12 tiveram queda, ante 10 da leitura final de março. Na ótica das quatro grandes categorias de uso, a confiança caiu em uma: bens intermediários.

Para Tabi, o ICI segue em tendência de recuperação, apesar de dados menos favoráveis na prévia de abril. Ela cita que a média trimestral da confiança seguiu em alta ? iniciada no segundo semestre do ano passado ? na prévia de abril, ao avançar 0,5 ponto, para 101,0 pontos. O indicador seria importante por suavizar movimentos pontuais.

"O índice de confiança não tem avançado de forma consistente, mas tem avançado. Em meses específicos dá saltos, e depois fica estável por um tempo. Os dados não sinalizam, contudo, um aquecimento do nível de atividade em abril", acrescenta.