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Fiesp fará 'o possível' para venda da Eletrobras não passar como está

20/04/2018 14h53

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fará "o possível" para que o atual projeto de privatização da Eletrobras não seja aprovado neste momento e da forma como está, disse Carlos Cavalcanti, vice-presidente e diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da entidade.

As principais críticas da Fiesp ao modelo em discussão estão relacionadas ao custo gerado aos consumidores pela descotização das hidrelétricas da estatal, calculado em até R$ 460 bilhões em 30 anos, além do baixo bônus de outorga estimado pelo governo para o leilão da gigante elétrica.

"A coisa certa é diminuir a presença do Estado na economia. Portanto, todos nós somos a favor de privatizar a Eletrobras", disse Cavalcanti, durante evento promovido pela entidade em São Paulo com a presença do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), relator do projeto na Câmara. "Mas tem o jeito certo de fazer a coisa certa e tem o jeito errado. O jeito errado pode criar milhões de problemas. Então, esperamos que, dessa forma, o projeto não passe", afirmou.

Segundo o vice-presidente da Fiesp, a proposta de descotização das hidrelétricas da Eletrobras visa trazer o preço da energia dessas usinas, atualmente em cerca de R$ 40 por megawatt-hora (MWh), para valores de mercado. Pelas contas da entidade, o custo gerado os consumidores pode variar de R$ 220 bilhões a R$ 460 bilhões em trinta anos, dependendo de qual for esse preço. Além disso, usando os mesmos critérios utilizados nos recentes leilões de usinas da Cesp e da Cemig, o bônus de outorga pela Eletrobras poderia chegar a R$ 70 bilhões, muito acima do valor atualmente proposto pelo governo.

"Tem muita coisa colocada de forma errada nesse processo e que não está sendo discutida com a sociedade", disse Cavalacanti. "Esse projeto cria um benefício gigantesco para um futuro acionista controlador e o governo está escondendo da população que está aumentando o preço da energia em R$ 400 bilhões, para o governo colocar neste ano R$ 12 bilhões no bolso para cobrir rombo de contas públicas", criticou. Segundo ele, a "conta não fecha".

A Fiesp defende que modelos alternativos de privatização sejam analisados e que é preferível que a decisão fique para um próximo governo. Como alternativas possíveis, Cavalcanti citou o "fatiamento" da privatização da empresa, com as principais subsidiárias Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul sendo vendidas separadamente, e a destinação de 100% da energia descotizada ao mercado livre de energia.