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Incerteza do ano eleitoral pode afetar fusões e aquisições, diz PwC

24/05/2018 09h44

A atividade de fusões e aquisições no Brasil em 2018 deve permanecer estável, na comparação com o ano passado, com os investidores apostando na recuperação da economia e nos efeitos que as aquisições podem ter em suas operações e resultados financeiros no longo prazo para fazer investimentos, afirma Alessandro Ribeiro, sócio da consultoria PwC.

Mas ele alerta que a incerteza provocada pelo cenário eleitoral polarizado e indefinido pode prejudicar o andamento de novas operações.

No acumulado do ano até abril, foram realizadas 195 negociações no país, uma queda de 1,5% em relação ao mesmo período de 2017, segundo levantamento realizado pela PwC e obtido com exclusividade pelo Valor.

Somente em abril, a quantidade de negócios fechados caiu dos 48 vistos no ano passado para 42. Para Ribeiro, a queda no mês passado foi circunstancial e não representa um indício de pessimismo dos investidores em relação aos prospectos do Brasil nos próximos anos.

"Nós esperamos que os números de operações fiquem estáveis em relação ao ano passado", afirma o sócio da PwC. "Operações de fusão e aquisição olham para o médio e longo prazo".

A consultoria constatou que a maioria das operações de fusão e aquisição neste ano aconteceu no setor de tecnologia da informação, com 42 transações, um aumento de 2,4% na comparação anual, representando 22% do total transacionado até abril de 2018.

O setor registra um elevado número de investimentos nos últimos três anos pelo fato de serem geralmente operações de baixo valor e rápidas de concluir, de acordo com Ribeiro. Em seguida está o setor financeiro, com 19 transações, alta de 46%, e serviços auxiliares, com 14 operações, baixa de 44%.

Olhando para o perfil dos investidores, a PwC apurou que a maior parte dos negócios foi feita por brasileiros, que responderam por 63% do total das aquisições e compras de participações minoritárias anunciadas até abril. Para Ribeiro, isto se explica pelo fato de os investidores nacionais entenderem mais a situação local e estarem mais dispostos a correr riscos, apostando em empresas e ativos mais complexos.

"Os brasileiros estão olhando oportunidades para ampliar sua participação de mercado", diz. "Eles também estão olhando oportunidade de sinergias".

Apesar de serem minoria no ano até abril, os estrangeiros demonstram forte interesse pelo país. Investidores de Estados Unidos, Alemanha e França foram responsáveis por 47% do total de transações envolvendo capital internacional nos primeiros quatro meses de 2018, com dominância dos americanos, que tiveram 32% do total, com 23 negociações, queda de 15%. A constatação da PwC é que os estrangeiros estão mais criteriosos com os ativos que buscam.

"Eles não estão iguais ao período em que o Brasil passou pelo boom econômico, em que você via empresas com apetite a risco elevado", afirma Ribeiro. "Os estrangeiros só vão desistir de fechar negócios se eles desistirem de investir no Brasil".

O sócio da PwC diz que as eleições pesam no cenário, impedindo que o número de operações seja maior. "Como tem muito candidato na disputa, um cenário altamente polarizado, fica uma série de incertezas no ar. Quando existe incertezas, o investidor adota uma postura conservadora", diz ele.

A expectativa do sócio da PwC é que o número de fusões e aquisições fique entre 600 e 650 transações, dentro do registrado em 2017 (643 operações), mas abaixo da média de 951 apurada entre 2010 e 2015, período em que a economia ainda registrava expansão acelerada. A estabilização do cenário político-econômico pode levar este número a ficar acima de 700 a partir de 2019, diz o sócio da consultoria.