Quem tem a caneta manda, não adianta economista X, Y e Z, diz Arida
Pérsio Arida, um dos economistas formuladores do Plano Real e coordenador do programa econômico de Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que o tucano é o candidato à presidência mais bem preparado. Durante o Brazilian Banking Conference 2018, promovido pela Fitch Ratings, o economista afirmou ainda que, no próximo ano, o Congresso permanecerá muito semelhante ao que é hoje, com a mesma distribuição partidária.
"Na prática, temos um candidato de centro que será Geraldo Alckmin, que tem mais base parlamentar, mais apoio e estrutura; e o Bolsonaro, que hoje tem liderança nas pesquisas, tirando fator Lula, e que certamente manterá parte dessa liderança até lá no primeiro turno", afirmou o economista.
Ele criticou, no entanto, algumas ações do deputado Jair Bolsonaro (PSL) e afirmou que ele "sempre votou com a esquerda". "O Bolsonaro sempre votou com a esquerda, recentemente votou contra o Cadastro Positivo, ele e o pessoal do Psol. E foi favorável à criação de novos municípios, que é gasto público na veia", afirmou.
Arida ainda falou sobre a relação entre o deputado e o economista Paulo Guedes, apontado como o mentor do pré-candidato. "Ele conheceu o Paulo Guedes e se rendeu ao liberalismo [econômico]?", questionou. Ele ainda afirmou que o economista "já entendeu que o grande adversário é o Alckmin, embora a vontade seja um segundo turno entre Bolsonaro e a esquerda", segundo Arida.
Por fim, o economista afirmou que as decisões são do presidente, mesmo que ele seja aconselhado por bons economistas. "Quem tem a caneta manda, não adianta colocar economistas X, Y e Z".
Privatizações
Arida defendeu a privatização e afirmou que um país com o grau de desigualdade do Brasil não precisa ter capital aplicado em empresas públicas.
"Privatizar libera capital das estatais para fins sociais. Um país com nosso grau de desigualdade, criminalidade, faz sentido ter capital público em estatais? Não. Não precisa disso. O problema é como vai fazer essa privatização", afirmou. Segundo ele, a intenção de Alckmin é privatizar estatais, com exceção da Petrobras e do Banco do Brasil.
Arida ainda defendeu uma reforma fiscal, mas afirmou que a estratégia de reduzir impostos não é eficiente.
"Reduzir impostos seria excelente. A ideia é que você diminui, a atividade econômica aumenta tanto que o país cresce mais e vamos arrecadar mais ainda. Mas esse não é o caso. Não existe análise econométrica, infelizmente", afirmou. Sobre o aumento dos impostos, Arida disse que também não seria eficiente, já que os "políticos arrumariam mais gastos."
Para o economista, a carga tributária deveria ser simplificada. Ele ainda defendeu que é preciso tornar a carga "justa socialmente". "É fato que os ricos pagam pouco no Brasil", disse. Arida afirmou ainda que é preciso adaptar a tributação ao "desafio internacional" e disse que se o país quiser atrair investimento estrangeiro, terá de diminuir a tributação corporativa.
Os gastos previdenciários, apontados pelo economista como "o maior problema do país do ponto de vista fiscal", também devem ser reduzidos, na visão de Arida. Ele defendeu a aprovação de uma reforma da Previdência. "É um problema que existe. É grave, é muito mais relevante no setor público. É preciso fazer o óbvio: idade mínima e mudar regras para funcionários públicos", afirmou.
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