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Ibovespa sobe com exterior calmo e dólar tem queda moderada

28/06/2018 13h56

O Ibovespa acelerou o ritmo de alta no início desta tarde e volta ao patamar dos 71 mil pontos, em meio à relativa calmaria dos mercados acionários americanos e às leituras levemente positivas da pesquisa de intenção de voto CNI/Ibope.

Por volta de 13h50, o Ibovespa avançava 1,09%, aos 71.380 pontos. A máxima do dia foi 71.503 pontos (+1,27%).

Os índices acionários de Nova York operam em leve alta, em contraste com o comportamento de ontem, quando as bolsas americanas tiveram quedas expressivas e pressionaram fortemente o Ibovespa. A ausência desse fator de pressão dá espaço para um respiro do mercado brasileiro, mas operadores destacam que, em linhas gerais, o clima ainda é pessimista.

"O mercado está indefinido, sem nenhum catalisador para alta e com os Estados Unidos em guerra comercial", diz Rafael Gonzalez, sócio da Platinum Investimentos. "Não há uma oportunidade muito clara de compra, qualquer melhora é apenas um alívio".

Quanto à pesquisa eleitoral CNI/Ibope, divulgada nesta manhã, o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, destaca que o descolamento de Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) na liderança das intenções de voto, enquanto Ciro Gomes (PDT) mostra maiores dificuldades, trouxe alívio ao mercado.

"Com esses dois candidatos abocanhando as chances para o segundo turno, o mercado fica com opções sólidas para ter sua agenda de governo assegurada no próximo mandato", diz Silveira, em relatório. No cenário sem o ex-presidente Lula, Bolsonaro e Marina aparecem empatados tecnicamente, com 17% e 15% das intenções de voto, respectivamente. Em sequência, aparecem Ciro, com 8%, e Geraldo Alckmin (PSDB), com 6%.

Já Gonzalez, da Platinum, destaca que apesar da leitura positiva, a pesquisa não traz uma mudança de cenário na disputa eleitoral. "Qualquer sinal, em termos de pesquisa, traz uma melhora, mas curta".

Nesse contexto de alívio, os bancos aparecem como destaque positivo, recuperando parte das perdas verificadas nos últimos dias. Banco do Brasil ON (+2,97%) lidera as altas, seguido por Itaú Unibanco PN (+2,38%), Bradesco PN (+1,84%) e units do Santander (+1,19%).

Petrobras PN (+1,87%) também aparece no campo positivo, mas Petrobras ON oscila ao redor da estabilidade. O desempenho dos papéis da estatal chama a atenção nesta semana ? as ações preferenciais já sobem quase 12% desde segunda-feira, enquanto as ordinárias avançam 7,3%.

Para Gonzalez, a recuperação das cotações do petróleo tem dado suporte à recuperação das ações da empresa, e o movimento das ações nos últimos dias pode continuar. "Numa análise mais gráfica, essa alta pode levar Petrobras PN até os R$ 18,20", diz. No momento, as ações são negociadas a R$ 16,86.

Ainda no campo positivo, destaque para Embraer ON (+2,77%), reagindo à informação do colunista Lauro Jardim, do "O Globo", afirmando que as negociações com a Boeing estão nos detalhes finais e que um acordo poderia ser assinado já na próxima semana.

Dólar

O dólar opera em baixa durante boa parte da sessão desta quinta-feira, captando a trégua da pressão sobre as moedas emergentes. O real brasileiro tem o segundo melhor desempenho global do dia, atrás apenas do peso mexicano. Porém, mesmo no momento mais favorável da sessão, o alívio no mercado local não é suficiente para zerar o salto de 2% na sessão anterior.

Por volta das 13h50, o dólar comercial caía 0,43%, a R$ 3,876, depois de bater mínima de R$ 3,8349 (-1,02%). A despeito do ajuste, é possível verificar que o dólar saiu do patamar de R$ 3,70 que prevaleceu enquanto o Banco Central intensificou sua atuação com swap cambial. Entre 8 de junho até o fim da semana passada, foram vendidos US$ 29,5 bilhões nesses derivativos, que tem efeito de venda de dólares no mercado futuro.

Desde então, o mercado acumula quatro sessões seguidas sem novas ofertas líquidas de swap, incluindo a desta quinta-feira.

"O real ainda parece precisar de algum ajuste (de depreciação) dado as pesadas intervenções recentes", dizem os especialistas da Icatu Vanguarda. A expectativa é de continuidade das intervenções, mas em montante inferior ao que vinha sendo feito ao longo do último mês. "A maneira de intervir deverá ser mais errática, com intuito apenas de prover liquidez e evitar a irracionalidade do mercado", acrescentam.

Em paralelo às ofertas líquidas, o BC evitou a queda do estoque e fez a rolagem integral - concluída nesta quinta-feira - de US$ 8,762 bilhões em contratos que venceriam em julho. Agora, a expectativa é de que a estratégia seja mantida para o próximo lote, de agosto, que soma US$ 14,023 bilhões.

Mais cedo, o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn, reforçou que não há problemas em ir consideravelmente além dos máximos históricos atingidos com operações de swaps cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O estoque total hoje é de US$ 67 bilhões, bem abaixo do recorde de US$ 115 bilhões em 2015. Ilan lembrou ainda que o BC poderia fazer leilões de linha e que isso foi feito nesta semana. "Continuamos acompanhando e continuaremos perto do mercado", disse.

Após um período de intensa volatilidade, o mercado brasileiro já volta a opera no mesmo sentido que outros emergentes. O real se desvalorizou quase 3% no mês de junho, ficando com o décimo pior desempenho entre as principais divisas globais. A perda, entretanto, não é muito diferente de outros pares, como o peso chileno e o dólar da Austrália.

"Isso mostra que o mercado começa a funcionar com mais normalidade e abre espaço para se precificar, com mais clareza, os outros ativos brasileiros", diz Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Modal Asset. "Estamos há quatro dias sem oferta líquida de swap cambial e não tem distorção (...) parece que os US$ 40 bilhões (de swap desde meados de março) satisfizeram boa parte da demanda de hedge no curto prazo", acrescenta.

Isso não significa que o câmbio esteja isento de novos solavancos, uma vez que a disputa eleitoral vai se aproximando. Operadores comentam que a incerteza política já pesa sobre os mercados, que dificilmente tem um desempenho mais positivo que os pares no exterior. No entanto, é a partir do fim de julho que as pesquisas de opinião de voto devem se tornar os principais catalisadores para o vaivém dos ativos.

"Por enquanto, a população ainda está vendo a Copa, as pesquisas não trazem tanta informação adicional para além de toda dúvida que o mercado já carrega", diz um operador.

A pesquisa Ibope, divulgada pela CNI, mostrou forte aumento dos votos em branco e nulos em relação à disputa de 2014. Em alguns cenários, o percentual está até quatro vezes maior do que há quatro anos atrás. "O eleitor está desapontado", aponta Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI.

Juros

Os contratos de juros futuros recuam hoje na B3 e devolvem parta das altas observadas ontem. Da parte curta à longa da curva, os DIs se ajustam à divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), à queda do dólar a à divulgação da pesquisa eleitoral.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, os contratos com vencimentos mais próximos caem com o RTI, uma vez que o documento reforçou a mensagem de que o Banco Central continua confortável com o nível da Selic, sem ver riscos duradouros no curto prazo. Aos poucos, o mercado vai reduzindo a precificação de chance de alta do juro básico nas próximas reuniões, em sua opinião.

No começo da tarde,DI janeiro/2020 é negociado a 8,4% (8,55% no ajuste anterior);DI janeiro/2021 tem taxa de 9,41% (9,55% no ajuste anterior);DI janeiro/2022 tem taxa de 11,65% (11,78% no ajuste anterior).