A pandemia do novo coronavírus deixou marcas profundas na economia e chacoalhou o mercado financeiro, incluindo a renda fixa, segmento no qual alguns produtos ainda desfrutavam da percepção de baixa volatilidade. Sobretudo em março, a onda de saques fez com que fundos de crédito privado, por exemplo, tivessem que vender ativos rapidamente, amargando perdas expressivas.
A boa notícia é que, na visão de especialistas, o susto ficou para trás e ainda por cima deixou oportunidades interessantes de investimento para quem está disposto a correr riscos maiores em busca de retornos mais elevados. São investimentos em títulos de empresas e bancos, como debêntures e CDBs.
Nossa visão é de que o mercado de crédito, nos níveis atuais, continua sendo um investimento bastante atrativo para que o investidor diversifique sua carteira, a despeito da queda da Selic (taxa básica de juros do país).
Pierre Jadoul, gestor de crédito da ARX Investimentos
Na opinião de Jadoul, o "spread de crédito", que é a taxa paga por uma companhia acima da remuneração oferecida por um título público, ainda está elevado quando se compara com o risco embutido nos papéis de grandes grupos, os chamados "high grade", considerados de alta qualidade. Para ele, quem tiver o perfil de investimentos desse tipo deve aproveitar, pois o cenário tende a mudar com o passar do tempo.
No médio e longo prazo, não devemos ver empresas de baixíssimo risco de crédito emitindo títulos a CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 2% a 3% ao ano. Em um horizonte mais curto, acreditamos que ainda vai haver.
Pierre Jadoul, da ARX Investimentos