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REPORTAGEM

Boeing de 40 anos voa com um motor extra na 'orelha'; para que serve isso?

Avião laboratório Boeing 757 da Honeywell com motor "na orelha" para realização de testes - Instagram/oshkosh_aviation
Avião laboratório Boeing 757 da Honeywell com motor 'na orelha' para realização de testes Imagem: Instagram/oshkosh_aviation

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/06/2022 04h00

Neste mês, o Boeing 757-200 de testes da Honeywell completa 40 anos de existência. Até hoje, ele é usado como um laboratório aéreo para desenvolvimento de novas tecnologias e teste de motores, por exemplo.

Isso, inclusive, é uma das maiores curiosidades desse avião, que às vezes voa com um motor extra pendurado próximo à cabine de comando, como em uma espécie de "orelha" da aeronave. Tipicamente, essa aeronave voa com dois motores, sendo esse adicional inserido ocasionalmente.

Esse suporte extra serve para testar novas tecnologias de motores em voo. Assim, depois de passar por testes em laboratório e em simulações, os motores partem para o avião com o objetivo de acompanhar como se comportariam em um voo real.

Ali há conexões com equipamentos do lado de dentro da aeronave que acionam o motor eventualmente e acompanham seu funcionamento por meio de diversos sensores. Nesse caso, essa unidade extra não é usada para impulsionar o avião, mas apenas para verificar seu comportamento mesmo.

Tecnologias testadas

A bordo do 757 da Honeywell já foram testados, além de motores, sistemas elétricos e mecânicos de aviões, softwares, equipamentos de conectividade (como wi-fi e sistemas via satélite), entre outras tecnologias do setor aeroespacial.

Na comemoração dos 40 anos do avião, o piloto Joe Duval, diretor de Operações de Testes em Voo da Honeywell Aerospace, falou sobre as condições em que são realizados os experimentos.

"Estamos entre os poucos pilotos na indústria que têm a responsabilidade de levar uma aeronave até os seus limites. Nós voamos de propósito em tempestades bem desagradáveis para testar nossos radares e vamos em direção a mais montanhas do que posso contar para verificar nossos sistemas de proximidade do solo", disse o comandante.

O avião

Honeywell - Honeywell - Honeywell
Interior do avião Boeing 757 que serve de plataforma de testes da Honeywell
Imagem: Honeywell

Embora uma boa parte dos 1.050 Boeings 757 fabricados até hoje já tenham sido aposentados com o passar dos anos, a Honeywell diz não ter interesse em abandonar o seu exemplar.

O modelo parou de ser fabricado em 2005, mas ainda é encontrado voando em diversas empresas, incluindo a própria Boeing, que tem uma unidade utilizada para desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de voo.

Em sua versão de passageiros, o 757-200 transporta até 228 pessoas. O modelo de testes da Honeywell, entretanto, tem apenas 25 assentos em seu interior.

Isso se deve ao fato de que foram instalados diversos dispositivos e estações de teste para os engenheiros a bordo, fazendo o avião passar por muitas modificações.

"Nos últimos 17 anos, nós fizemos tantas mudanças tecnológicas no nosso amado 757 de testes que a única coisa que está completando 40 anos nele é a sua fuselagem. [...] Nosso 757 tem sido o carro-chefe de confiança para experimentar uma série de tecnologias, incluindo os motores que produzimos para jatos executivos e aeronaves menores", diz Joe Duval.

Esse exemplar já viajou por mais de 30 países e realizou mais de 800 voos de teste em cerca de 3.000 horas.

Honeywell - Divulgação/Erik Brouwer - Divulgação/Erik Brouwer
Avião laboratório Boeing 757 da Honeywell com motor extra para ser testado
Imagem: Divulgação/Erik Brouwer