Colheita de macadâmia mais que dobra em seis anos, mas ainda falta produto
A colheita de macadâmia no Brasil, que começa neste mês, deve render 5.500 toneladas da noz. O resultado, se confirmado, será superior em 14,8% à produção do ano passado.
Nos últimos seis anos, o total colhido pelos agricultores brasileiros mais do que dobrou --em 2008, foram colhidas cerca de 2.500 toneladas. Mas ainda falta produto no mercado, de acordo com a ABM (Associação Brasileira de Noz Macadâmia).
A macadâmia é uma noz que pode ser consumida in natura, e é também muito utilizada em produtos premium, como sorvetes especiais. Em São Paulo, a amêndoa da noz torrada e salgada pode ser encontrada pelo consumidor final por pelo menos R$ 60 o quilo.
A indústria Queen Nut, de Dois Córregos (SP), processou 1.440 toneladas ou 30% de toda a produção nacional em casca em 2013. “Mas poderia processar 4.000 toneladas se houvesse matéria-prima disponível”, afirma o diretor da empresa, Pedro Toledo Piza.
Uma das barreiras para aumentar a produção de macadâmia no país é que o investimento para a formação de pomares pode levar dez anos para ser recuperado. Mas uma pesquisa realizada em São Paulo mostra que esse tempo pode ser reduzido pela metade quando o plantio é feito em parceria com o café.
Queen Nut produz metade das nozes que processa industrialmente
A empresa possui um pomar próprio de 300 hectares (o dobro da área do Parque Ibirapuera, em São Paulo) e vai cultivar mais cem hectares neste ano. A produção corresponde à metade da noz processada pela Queen Nut. Os fornecedores recebem R$ 3,50 pelo quilo da noz em casca.
Pioneira no processamento da noz no país, afirma Piza, a Queen Nut fez sua primeira exportação, aos Estados Unidos, em 1996. As vendas externas chegaram a representar 80% do faturamento da empresa, que, a partir de 2008, passou a fazer parcerias com empresas nacionais do setor de alimentação, como fábricas de doces e chocolates.
Atualmente, segundo o diretor, o mercado interno absorve 50% da noz processada pela Queen Nut. “Passamos a valorizar o mercado interno para fugir dos riscos cambiais”, afirma.
Os frutos da macadâmia caem dos pés quando maduros e são recolhidos no chão manualmente ou por máquinas. Após a colheita, ficam em silos secadores para reduzir a umidade de 25% para 1,5%. Essa etapa dura de 15 a 20 dias. Depois disso, a casca da noz é quebrada. Funcionários da Queen Nut separam manualmente as amêndoas, cujo valor oscila conforme o tamanho.
Agricultores tendem a torrar e salgar a própria macadâmia que colhem
Segundo a Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), a partir de 2005 intensificou-se entre os produtores da noz em São Paulo um movimento para o processamento das próprias colheitas.
É o caso de Emilia Satiko Shimada, 57, de Marília (435 km de São Paulo). Sua família cultiva os pés de macadâmia há três décadas, e em 2008 montou uma fábrica de pequeno porte para torrar e salgar a amêndoa.
Além da produção própria, de 40 toneladas anuais, a empresa compra mais 60 toneladas de amêndoa de terceiros para torrar. Elisa Shimada afirma que a fábrica tem capacidade para processar o triplo da soma desses volumes. “A oferta de macadâmia infelizmente é baixa”, diz ela.
Como as pessoas não conheciam o alimento, diz ela, a família promoveu degustações para divulgar a noz. “Devagar fomos abrindo espaço entre os consumidores”, afirma.
As maiores empresas processadoras de noz de macadâmia estão nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Elas processam cerca de 70% da produção nacional. O Brasil possui 6.500 hectares cultivados com macadâmia, segundo a ABM.
São Paulo é o maior produtor, com 2.200 hectares, de acordo com o mais recente levantamento realizado pela Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), de 2008.
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