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REPORTAGEM

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'Salvaram minha vida': aviões agilizam transporte de órgão para transplante

Alexandre Barroso mostra a cicatriz dos transplantes: hoje ele viaja o país incentivando a doação de órgãos - Jorge Araujo/2.set.2018/Folhapress
Alexandre Barroso mostra a cicatriz dos transplantes: hoje ele viaja o país incentivando a doação de órgãos Imagem: Jorge Araujo/2.set.2018/Folhapress

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/02/2023 04h00

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O publicitário Alexandre Barroso passou por dois transplantes de órgãos. Ele é uma das milhares de pessoas que tiveram o transplante viabilizado por meio do transporte aéreo.

Só no ano passado, as empresas aéreas transportaram 3.498 mil órgãos e tecidos para transplantes. Foram praticamente dez novas chances que pessoas doentes tiveram por dia durante o período.

Os dados foram divulgados pela Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas) e pelo Ministério da Saúde.

"Graças à parceria das companhias aéreas e do Ministério da Saúde conseguiram trazer em tempo nesse Brasil tão grande o órgão que poderia salvar a minha vida", disse o publicitário.

"Sou muito grato por esse sistema, sou muito grato à forma como isso ocorre em um país de dimensões tão grandes como o nosso."

Dois transplantes

  • Barroso descobriu em 2008 que seu fígado tinha uma fibrose e uma cirrose em estágio avançado e, em menos de um ano, foram encontrados três nódulos de câncer no órgão.
  • Em 2010, realizou seu primeiro transplante, de fígado, que não deu certo.
  • Na segunda tentativa, a ligação do fígado com o rim não ocorreu bem, e ele teve de fazer um transplante duplo de rim e fígado em 2011.
  • Ele passou de 2008 a 2012 internado e, neste tempo, enfrentou diversas cirurgias, chegando a pesar 42 kg e a ficar em coma vários dias.
  • Em um desses momentos, sua família foi chamada ao hospital para se despedir dele devido às poucas chances de sobreviver.

Hoje, Barroso atua como psicanalista, formação feita após os transplantes, e leva uma vida com os cuidados que um transplantado requer, sempre monitorando a saúde para evitar complicações.

São cerca de 60 mil pessoas na fila de transplantes atualmente. Quanto mais participantes, quanto mais companhias aéreas puderem fazer parte, maior o significado para todas as famílias e pessoas que estão aguardando um transplante
Alexandre Barroso

Ele lembra que o trabalho logístico para o transplante envolve não só as companhias aéreas e a FAB (Força Aérea Brasileira), mas também os trabalhadores que buscam os órgãos nos locais de origem, as centrais de transplante, enfermeiros, médicos e até a polícia, que ajuda a fazer o transporte entre aeroportos e hospitais.

órgãos - iStock - iStock
Transplante de órgãos envolve cadeia logística que deve trabalhar de forma rápida e integrada
Imagem: iStock

Barroso ainda afirma ser grato às duas famílias dos doadores dos órgãos que recebeu.

Doar órgãos é continuar a vida. Ao mesmo tempo há o susto, o medo e o sofrimento. Mas o que fica é muito mais importante, como compreensão e agradecimento de que a vida vale a pena. É um milagre do renascimento
Alexandre Barroso

Prioridade no pouso

As empresas aéreas brasileiras, por meio da Abear, lançaram o programa Asas do Bem em 2014 com o objetivo de divulgar a importância da doação de órgãos e reforçar o transporte gratuito de órgãos nas aeronaves.

  • Desde o começo da iniciativa, já foram transportados 58,6 mil itens de maneira gratuita pelas companhias aéreas.
  • Aviões que estão com órgãos, tecidos ou outros itens para transplante têm prioridade no pouso e decolagem.
  • A iniciativa também permite uma maior agilidade e amplia a possibilidade de realização de cirurgias, ligando doadores com receptores mesmo que em longas distâncias.
  • Como o tempo é sempre apertado entre se retirar um órgão e transplantá-lo no receptor, nem sempre é possível que ele seja cumprido quando o transporte é feito por terra, por isso a importância da modalidade aérea.

Somente a aviação pode alcançar localidades mais distantes em tempo hábil para que o transplante seja efetuado com sucesso. Isso demonstra a importância da retomada da operação aérea e da conectividade nacional
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear

Os transportes

  • Ao todo --incluindo órgãos, tecidos, equipes e materiais para as cirurgias--, foram 5.740 transportes por companhias aéreas para a realização de transplantes no ano passado.
  • Na modalidade aérea, incluindo a FAB e outras empresas, foram 7.066 órgãos, equipes e materiais transportados ao todo.
  • A parceria é resultado de um acordo firmado entre a Abear, Ministério da Saúde (Central Nacional de Transplantes), Secretaria Nacional de Aviação Civil, Força Aérea Brasileira e outros órgãos.

Veja o ranking de transporte:

  • 5.740 itens transportados via empresas aéreas do convênio (Azul, Gol, Latam e Passaredo)
  • 842 itens via FAB
  • 484 itens via empresas aéreas internacionais
  • 774 itens via outros tipos de transporte

Os órgãos mais transportados por via aérea foram:

  • Rim: 1.095
  • Fígado: 310
  • Coração: 80 (todos pela FAB)
  • Pulmão: 18
  • Pâncreas: 6

Os tecidos mais transportados foram:

  • Córneas: 1.234
  • Osso: 455
  • Medula: 408
  • Coração (para retirada de válvulas do órgão) e válvulas cardíacas: 122