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'Salvaram minha vida': aviões agilizam transporte de órgão para transplante
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O publicitário Alexandre Barroso passou por dois transplantes de órgãos. Ele é uma das milhares de pessoas que tiveram o transplante viabilizado por meio do transporte aéreo.
Só no ano passado, as empresas aéreas transportaram 3.498 mil órgãos e tecidos para transplantes. Foram praticamente dez novas chances que pessoas doentes tiveram por dia durante o período.
Os dados foram divulgados pela Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas) e pelo Ministério da Saúde.
"Graças à parceria das companhias aéreas e do Ministério da Saúde conseguiram trazer em tempo nesse Brasil tão grande o órgão que poderia salvar a minha vida", disse o publicitário.
"Sou muito grato por esse sistema, sou muito grato à forma como isso ocorre em um país de dimensões tão grandes como o nosso."
Dois transplantes
- Barroso descobriu em 2008 que seu fígado tinha uma fibrose e uma cirrose em estágio avançado e, em menos de um ano, foram encontrados três nódulos de câncer no órgão.
- Em 2010, realizou seu primeiro transplante, de fígado, que não deu certo.
- Na segunda tentativa, a ligação do fígado com o rim não ocorreu bem, e ele teve de fazer um transplante duplo de rim e fígado em 2011.
- Ele passou de 2008 a 2012 internado e, neste tempo, enfrentou diversas cirurgias, chegando a pesar 42 kg e a ficar em coma vários dias.
- Em um desses momentos, sua família foi chamada ao hospital para se despedir dele devido às poucas chances de sobreviver.
Hoje, Barroso atua como psicanalista, formação feita após os transplantes, e leva uma vida com os cuidados que um transplantado requer, sempre monitorando a saúde para evitar complicações.
São cerca de 60 mil pessoas na fila de transplantes atualmente. Quanto mais participantes, quanto mais companhias aéreas puderem fazer parte, maior o significado para todas as famílias e pessoas que estão aguardando um transplante
Alexandre Barroso
Ele lembra que o trabalho logístico para o transplante envolve não só as companhias aéreas e a FAB (Força Aérea Brasileira), mas também os trabalhadores que buscam os órgãos nos locais de origem, as centrais de transplante, enfermeiros, médicos e até a polícia, que ajuda a fazer o transporte entre aeroportos e hospitais.
Barroso ainda afirma ser grato às duas famílias dos doadores dos órgãos que recebeu.
Doar órgãos é continuar a vida. Ao mesmo tempo há o susto, o medo e o sofrimento. Mas o que fica é muito mais importante, como compreensão e agradecimento de que a vida vale a pena. É um milagre do renascimento
Alexandre Barroso
Prioridade no pouso
As empresas aéreas brasileiras, por meio da Abear, lançaram o programa Asas do Bem em 2014 com o objetivo de divulgar a importância da doação de órgãos e reforçar o transporte gratuito de órgãos nas aeronaves.
- Desde o começo da iniciativa, já foram transportados 58,6 mil itens de maneira gratuita pelas companhias aéreas.
- Aviões que estão com órgãos, tecidos ou outros itens para transplante têm prioridade no pouso e decolagem.
- A iniciativa também permite uma maior agilidade e amplia a possibilidade de realização de cirurgias, ligando doadores com receptores mesmo que em longas distâncias.
- Como o tempo é sempre apertado entre se retirar um órgão e transplantá-lo no receptor, nem sempre é possível que ele seja cumprido quando o transporte é feito por terra, por isso a importância da modalidade aérea.
Somente a aviação pode alcançar localidades mais distantes em tempo hábil para que o transplante seja efetuado com sucesso. Isso demonstra a importância da retomada da operação aérea e da conectividade nacional
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear
Os transportes
- Ao todo --incluindo órgãos, tecidos, equipes e materiais para as cirurgias--, foram 5.740 transportes por companhias aéreas para a realização de transplantes no ano passado.
- Na modalidade aérea, incluindo a FAB e outras empresas, foram 7.066 órgãos, equipes e materiais transportados ao todo.
- A parceria é resultado de um acordo firmado entre a Abear, Ministério da Saúde (Central Nacional de Transplantes), Secretaria Nacional de Aviação Civil, Força Aérea Brasileira e outros órgãos.
Veja o ranking de transporte:
- 5.740 itens transportados via empresas aéreas do convênio (Azul, Gol, Latam e Passaredo)
- 842 itens via FAB
- 484 itens via empresas aéreas internacionais
- 774 itens via outros tipos de transporte
Os órgãos mais transportados por via aérea foram:
- Rim: 1.095
- Fígado: 310
- Coração: 80 (todos pela FAB)
- Pulmão: 18
- Pâncreas: 6
Os tecidos mais transportados foram:
- Córneas: 1.234
- Osso: 455
- Medula: 408
- Coração (para retirada de válvulas do órgão) e válvulas cardíacas: 122
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