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Bolsa sobe no dia, mas tem pior 1º trimestre em 18 anos

Do UOL, em São Paulo

28/03/2013 17h48Atualizada em 28/03/2013 18h40

Bovespa conseguiu emendar a terceira alta seguida nesta quinta-feira (28), com a disparada dos papéis da Eletrobras, mas não evitou fechar o primeiro trimestre com prejuízo.

O Ibovespa, principal índice de ações na Bolsa, fechou o dia em alta de 0,57%, aos 56.352,09 pontos. No mês, o índice acumula perdas de 1,87%. Já no trimestre, o prejuízo chega a 7,55%, no pior resultado para o período desde 1995.

O destaque do dia foram as ações da Eletrobras, que dispararam quase 17% após a empresa estatal de energia ter anunciado resultados e seu plano de investimentos.

O giro finaneiro da Bovespa nesta véspera de feriado foi de R$ 6,96 bilhões, abaixo da média diária de R$ 7,5 bilhões em 2013.

Já o dólar comercial subiu 0,55% e fechou cotado a R$ 2,022 na venda. No mês, o dólar acumulou alta de 2,19%. Ainda assim, encerra o primeiro trimestre com queda de 1,29%.

Ações de Eike, Vale e Petrobras caem no dia

Entre as ações mais negociadas da Bolsa, a preferencial da Petrobras caiu 0,38%, a R$ 18,35; a preferencial da Vale perdeu 1,16%, para R$ 33,24, enquanto a ordinária da OGX fechou em queda de 3,35%, a R$ 2,31.

O mercado recebeu hoje outra notícia sobre as empresas de Eike Batista: a confirmação da venda de uma fatia da MPX, a companhia de energia do grupo, para a alemã E. ON. Eike Batista irá transferir 24,5% da empresa ao preço de R$ 10 por ação, o que deve lhe render cerca de R$ 1,5 bilhão.

A ação ordinária da MPX caiu 1,96%, a R$ 9,50. Entre as outras empresas “X”, MMX recuou 4,74%, a R$ 2,21; LLX caiu 4,11%, a R$ 2,10; OSX teve queda de 0,95%, a R$ 4,18; e CCX registrou perdas de 2,22%, a R$ 3,53.

Marfrig liderou as perdas do Ibovespa, caindo 5,17%, a R$ 8,44. O prejuízo da empresa de alimentos se aprofundou no quarto trimestre de 2012, para R$ 284,2 milhões.

Ações da Eletrobras 'bombam', apesar de prejuízo histórico

Quem roubou a cena nesta quinta foi a Eletrobras. Pelo prejuízo bilionário --o maior registrado por uma companhia brasileira em um trimestre na história, segundo a Economatica-- era de se esperar que as ações "tomassem uma surra". Mas, muito pelo contrário, os papéis “bombaram”.

A ação preferencial da Eletrobras disparou 16,19%, a R$ 12,70, enquanto a ordinária subiu 11,84%, a R$ 6,99. Foram as duas maiores altas do Ibovespa nesta sessão.

A explicação? Segundo analistas, a distribuição de dividendos e o plano de negócios anunciados junto com o balanço. A companhia vai propor em assembleia geral ordinária uma remuneração aos acionistas correspondente a R$ 0,39 por ação ordinária e R$ 1,63 por preferencial, na forma de juros sobre capital próprio. O plano de investimento dos próximos cinco anos será de R$ 52,4 bilhões. A estatal teve prejuízo de R$ 10,499 bilhões no último trimestre de 2012. 

O resultado foi reflexo de uma perda não recorrente de R$ 10,085 bilhões, em consequência da Medida Provisória 579, que virou a Lei 12.783, sobre a renovação das concessões de energia elétrica. A Eletrobras informou ainda que deve concluir em 90 dias estudos sobre possível venda de distribuidoras.

Trimestre foi ruim para Vale e empresas de Eike

"[O trimestre] Foi ruim, mas vale lembrar que não foi um período catastrófico para todo mundo", disse o gestor Marc Sauerman, da JMalucelli Investimentos em Curitiba. "Quem mais sofreu foram as empresas de Eike Batista e Vale, que têm peso grande no índice."

A desconfiança do mercado com as perspectivas para as companhias do grupo EBX, de Eike, levaram a petrolífera OGX a amargar queda de 47,3% no trimestre, e a mineradora MMX a afundar 50,3% no período.

Já a preferencial da Vale acumulou queda de 18,7% no trimestre, em meio à disputa com o governo sobre o pagamento de R$ 4 bilhões em royalties.

Queda da Bolsa no primeiro trimestre de 1995

Naquele começo de ano, a Bolsa brasileira mergulhou 31,5% por causa do "Efeito Tequila".

Em 20 de dezembro de 1994, o governo mexicano decidiu desvalorizar o peso em uma tentativa de estimular a economia. No entanto, a medida teve efeito contrário e provocou crise em outras economias emergentes da região, inclusive o Brasil.

Bolsas internacionais

As ações europeias ampliaram sua alta, puxadas pela proposta de compra de D.E. Master Blenders, à medida que o suporte do banco central continuou a diminuir os temores sobre a estabilidade da zona do euro.

Em Londres, o índice Financial Times subiu 0,38%, a 6.411 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 avançou 0,53%, a 3.731 pontos.

As ações asiáticas recuaram uma vez que dados fracos da zona do euro e temores de uma potencial corrida aos bancos no Chipre alimentaram as preocupações dos investidores com a instabilidade na Europa.

O índice Nikkei, do Japão, fechou em baixa de 1,26%, uma vez que os temores com a zona do euro provocaram realização de lucros entre exportadores e os papéis financeiros.

Esta quinta-feira é o último dia de negócios do primeiro trimestre para muitos mercados asiáticos, que estarão fechados na sexta-feira devido ao feriado de Sexta-Feira Santa.

Expectativa para os próximos meses

Preocupações com a economia brasileira pesaram nos negócios no primeiro trimestre, segundo analistas, diante de crescentes pressões inflacionárias e intervenção estatal no setor privado.

"Se tirar o risco de ingerência do governo e a inflação começar a ceder, você tem uma chance grande de reação na Bovespa", disse o economista Guido Chagas, da Humaitá Investimentos em São Paulo.

"Mas ainda não apostaria todas minhas fichas numa recuperação já em abril... A partir de maio, quando você começar a ver uma postura mais amigável do governo, então você deve ter uma perspectiva melhor", acrescentou.

Além das incertezas domésticas, o ambiente externo também deve continuar no radar de investidores, com destaque para a crise da dívida na zona do euro.

Profissionais de mercado também citavam preocupações de que uma eventual realização de lucros em Wall Street --cujos índices seguem próximos das máximas históricas-- pressione também o mercado brasileiro.

"Está difícil prever o comportamento da Bolsa porque está difícil fazer previsão de cenários em geral", disse Pablo Spyer, um diretor na Mirae Asset Securities em São Paulo.

"Esse é um ano para apostar em small caps, empresas mais ligadas à demanda interna, que têm caráter mais defensivo. Para fugir da instabilidade, a saída é olhar para setores como consumo, saúde, educação", acrescentou Spyer.

(Com Reuters e Valor)