Fazendeiro do Pará é condenado a 91 anos de prisão por trabalho escravo
A Justiça Federal condenou o fazendeiro Lindomar Resende Soares, do Pará, a 91 anos de prisão em regime fechado por manter trabalhadores em regime de trabalho semelhante ao de escravo. Ele tem direito a recorrer da sentença em liberdade.
A sentença é do final de julho, mas só foi divulgada agora pelo MPF (Ministério Público Federal).
Segundo o MPF, o fazendeiro é filho de Davi Resende, um dos maiores pecuaristas da região Norte, que foi prefeito de Ulianópolis, no sul do Pará, e morreu no ano passado em naufrágio no rio Xingu. Além da prisão, Soares foi condenado a pagar multa de R$ 283 mil.
Até a publicação dessa notícia, o UOL não conseguiu contato com o advogado do fazendeiro.
Trabalhadores foram encontrados em condições precárias
Em 2005, segundo o MPF, o Ministério do Trabalho fiscalizou a fazenda Santa Luzia, em Ulianópolis, e libertou 31 pessoas mantidas em condições degradantes, além de duas crianças que ajudavam a preparar a comida dos trabalhadores.
De acordo com o Ministério Público, os trabalhadores ficavam em barracos de lona, com piso de terra batida, sem instalações sanitárias, sem acesso a água potável, consumindo comida estragada, sem nenhum equipamento de proteção para o trabalho na terra e com salários extremamente baixos.
Eles não conseguiam sair da fazenda, muito distante de qualquer estrada, e ainda eram obrigados a comprar comida e equipamentos a preços altos no armazém da propriedade, sistema conhecido como escravidão por dívida.
Fazendeiro culpou o capataz
Em depoimento à Justiça Federal, o fazendeiro confirmou a situação dos trabalhadores, mas afirmou que a responsabilidade era do capataz contratado para trazer os funcionários para a fazenda.
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