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Fundo de ação é opção mais simples para começar a investir na Bolsa

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

02/05/2013 06h00

Apesar das perdas acumuladas na Bolsa, quase R$ 8 bilhões foram depositados em fundos de ações por investidores somente neste ano, já considerando as retiradas feitas no período.

Esses produtos apresentam pelos menos duas vantagens para o interessado em aplicar no mercado de ações: o pagamento descomplicado do Imposto de Renda (bem mais burocrático no caso da compra direta na Bolsa), e a possibilidade de um profissional especializado escolher a melhor ação para o cliente.

Mas há também desvantagens: entender o emaranhado de produtos disponíveis no mercado e selecionar o melhor gestor (o responsável por escolher as ações e aplicar os recursos).

Conheça os tipos mais
comuns de fundos de ações

Ações Livre (*): gestor tem liberdade de escolher ações sem se comprometer com índice ou setor
Ativos (*): têm por objetivo superar um índice do mercado, sendo o mais comum o Ibovespa
Dividendos: enfatizam ações de empresas reconhecidas pelo pagamento de dividendos (parcelas dos lucros)
Indexados: têm por objetivo perseguir um índice do mercado, a exemplo do Ibovespa
Setoriais: enfatizam um ou mais setores da economia na escolha dos papéis
Small Caps: concentram a escolha das ações nas empresas de menor porte na Bolsa
(*) Esses produtos admitem alavancagem, isto é, o uso de instrumentos financeiros em que há o risco de as perdas superarem o patrimônio do fundo

As opções mais conservadoras

Dentro da família dos fundos de ações, há duas alternativas, em tese, mais recomendadas para os investidores agressivos “mas nem tanto”: os fundos “passivos” e os fundos de dividendos.

Nos fundos de gestão passiva ou “Indexados”, o gestor tem por missão acompanhar com a maior fidelidade possível um índice específico, como o Ibovespa (o termômetro mais conhecido da Bolsa) ou o IbrX (o Índice Brasil, que abrange as 100 ações mais negociadas).

São indicados para os investidores que: a) querem investir somente nos papéis “consagrados” do mercado, das maiores empresas; b) querem acompanhar a trajetória média do mercado de ações.

Os fundos de dividendos investem principalmente em ações de empresas reconhecidas por pagar regularmente parcelas do lucros aos seus acionistas (os detentores dos papéis emitidos pela companhia).

Os papéis dessas empresas são mais indicados para momentos de crise porque possuem desempenho menos instável. Os fundos de dividendos, portanto, tendem a ser o tipo mais “previsível” e são os mais indicados para os investidores iniciantes no mercado de ações.

É claro que essa característica não representa quaisquer garantias. No ano passado, esses produtos foram uma surpresa desagradável, depois que o governo baixou a medida provisória 579. A MP afetou as ações de empresas do setor elétrico, muito presentes nos fundos de dividendos.

Feitas essas ressalvas, diz o gestor de investimentos da corretora Coinvalores, Denis Botini, “esses fundos representam o mais próximo possível do desempenho de um fundo de renda fixa [no universo dos produtos de renda variável]”.

As opções mais complicadas

Investidores que desejam superar a média do mercado costumam prestar atenção em outros tipos de produto: os fundos de gestão ativa (que usam um índice como meta a superar), os fundos identificados como “Ações Livres” (onde o gestor não se compromete com um indicador específico) e os fundos “Ações Small Caps” (que enfatizam os papéis das empresas de menor porte).

Os três tipos tendem a ser produtos mais caros. “Uma combinação muito praticada no mercado é 2/20: 2% de taxa de administração e 20% de taxa de performance. Eu defendo a taxa de performance, porque mostra a intenção do gestor em buscar melhores resultados e ser recompensado por isso”, afirma Mauricio Gallego, gestor da Set Investimentos.

Veja dicas para escolher os melhores fundos

Investidores iniciantes no mercado de renda variável podem se sentir mais confortáveis com os fundos “passivos” (que perseguem um índice) ou os fundos de dividendos
Fundos do tipo “Ações Livre” ou os produtos de gestão ativa são mais indicados para investidores que desejam superar o Ibovespa
Preste atenção nos custos: além da taxa de administração, esses fundos também cobram taxa de performance, calculada sobre a parcela do rendimento que superar um índice específico (em geral, o Ibovespa)
Pesquise o desempenho passado do fundo (os meses de ganhos e perdas) e o currículo do gestor (sua formação e experiência profissional)
O investidor pode consultar os sites dos bancos atrás de mais detalhes. O site Como Investir também é uma fonte de informação

A taxa de administração é cobrada sobre o patrimônio do fundo, enquanto a taxa de performance recai sobre a fatia dos rendimentos que superarem um índice de referência (o mais comum é o Ibovespa). Nos fundos “passivos”, a taxa de administração gira em torno de 1%, e não há taxa de performance.

Por suas características, esses fundos exigem uma escolha ainda mais cuidadosa. Botini sugere pelo menos dois parâmetros: olhar a rentabilidade passada e verificar o currículo dos gestores. Ambas as informações, em geral, podem ser encontradas nos sites das instituições que distribuem os fundos de investimentos.

A rentabilidade passada, sem ser uma garantia de ganhos futuros, pode indicar quão instável é o desempenho da aplicação. Especialistas sugerem que o investidor busque um fundo com pelo menos três anos de existência.

No caso dos gestores, é interessante checar seu tempo de experiência, sua formação e em quais lugares já trabalhou.

E a trajetória da Bolsa de Valores?

A equipe da BB Investimentos divulgou uma projeção de 63 mil pontos para o índice Ibovespa até dezembro, atualmente estagnado na faixa dos 52 mil a 54 mil pontos nos últimos meses. A previsão é menos otimista do que aparenta, já que a estimativa anterior era de 70 mil.

Alguns especialistas ressaltam também o pessimismo dos investidores estrangeiros, que respondem por cerca de 40% dos negócios da Bolsa brasileira. Sem a confiança (e o dinheiro) desses investidores, o Ibovespa, dizem, tem poucas chances de sair do chão no curto prazo.

Mas Eduardo Moreira possui uma visão mais positiva da Bolsa.

“Em 2014, a economia brasileira deve mostrar uma recuperação mais consistente. Quando o mercado tiver mais dados para se convencer desse cenário, vai começar a antecipar essa retomada, e isso deve acontecer provavelmente ainda no segundo semestre de 2013”, diz o especialista do grupo financeiro Brasil Plural.