Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

15 empresas já saíram da Bolsa neste ano; o que acontece com o investidor?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/09/2022 04h00

Esse ano, 15 empresas decidiram sair da Bolsa de Valores de São Paulo. Já é mais que em todo ano passado, quando oito companhias fecharam capital. Dentre as que estão se retirando, duas das mais recentes são a Getnet, de maquininhas de pagamento, e a IGB, dona da Gradiente (IGBR3), de eletroeletrônicos.

A Getnet, braço de meios de pagamento do banco Santander, anunciou em maio sua saída da Bolsa, apenas sete meses depois da estreia. Na sexta-feira (9), foi a vez da IGB Eletrônica, dona da Gradiente e em recuperação judicial, de anunciar o cancelamento do registro de companhia aberta. A empresa estava na Bolsa desde 1974.

Para isso, as duas empresas estão fazendo uma Oferta Pública de Ações (OPA) com o objetivo de comprar de volta as ações que têm no mercado.

Por que as empresas saem da Bolsa? São vários motivos, diz Leonardo Resende, Superintendente de Relacionamento com Empresas da B3. O motivo mais comum é como consequência de operações de fusões e aquisições. A empresa comprada tem sua listagem cancelada na Bolsa após ser incorporada por uma outra, de capital aberto ou fechado, diz ele.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com as ações da Locamerica, que comprou a Unidas e depois foi comprada pela Localiza (RENT3). A aquisição formou uma terceira empresa e por isso os papéis foram recomprados do mercado. No ano passado, as ações da Cia. Hering também foram retiradas da Bolsa depois da fusão com o Grupo Soma (SOMA3).

Em algumas situações, segundo Regis Chinchila, da Ativa Investimentos, a ação cai tanto de valor que a empresa não vê mais sentido em manter o capital aberto.

Às vezes, simplesmente a empresa decide que não é mais interessante ter investidores no mercado. Tudo isso porque ser uma empresa listada custa caro. É preciso investir em auditorias, em pessoal de relações com investidores.

Por que a Gradiente está deixando a Bolsa? No caso da Gradiente, segundo fontes próximas à empresa, isso custava cerca de R$ 1,5 milhão por mês - um valor que pesava bastante para uma empresa que não está mais produzindo nada.

Além disso, a saída do mercado era uma exigência da recuperação judicial da empresa, que começou em 2019. Só pode ser feita agora, após o pagamento de credores e um acordo para pagamentos de impostos à União.

Como uma empresa sai da Bolsa? Para sair do mercado, a empresa precisa comprar todas as suas ações que estão na mão de acionistas de volta. Por isso, ela faz uma Oferta Pública de Ações (OPA). Mas a empresa pode fazer uma OPA e continuar no mercado? Sim, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. A companhia compra apenas parte das ações disponíveis no mercado porque considera que o preço do ativo está baixo.

Como funciona a OPA? O primeiro passo é avisar os investidores com um fato relevante. Em seguida, a empresa faz um pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O preço de compra da ação é definido pela empresa que vai fazer a compra. "Ela usa o critério de valor justo, que é determinado por um laudo de avaliação, elaborado por empresa especializada", explica Resende.

"Para isso, ela leva em conta a cotação média das ações nos últimos 12 meses, o valor econômico da companhia, calculado a partir da expectativa de ganhos e o valor do patrimônio líquido por ação da empresa", explica Chinchila.

Muitas vezes, como no caso da Gradiente, o valor fixado vem bem acima da cotação atual da empresa. Para a OPA da IGB, o valor da ação será de R$ 40,51. No mercado, o papel estava custando R$ 26,13 na sexta (9) anterior ao anúncio, um valor 55% mais alto.

E esse preço ainda será corrigido pela Selic até a data em que será realizado o leilão da OPA na B3. O prazo para esse leilão varia de 30 a 45 dias.

É possível comprar ações de quem vai sair do mercado? Sim, tanto é que na segunda-feira (12), no primeiro pregão depois do anúncio da OPA da Gradiente, as ações subiram 28%. Para os investidores que compraram, foi um ótimo negócio porque pagaram um valor bem mais baixo do que o que a empresa vai comprá-las (R$ 40,51).

O problema é que a Gradiente tinha poucas ações no mercado. Ela vai gastar, no total, cerca de R$ 24 milhões para comprar todos os ativos de aproximadamente 850 investidores, sendo que cerca de 700 têm menos de 1.000 ações.

Com tão poucas ações, o papel ficava sujeito à especulações. Qualquer boato a respeito da empresa (geralmente sobre o processo que a Gradiente move contra a Apple sobre o direito de propriedade do termo iPhone) fazia o preço oscilar muito.

E se os acionistas acharem que o valor fixado pela CVM não é justo? Nesse caso, se mais de 10% dos acionistas concordarem que o valor não é justo, eles convocam uma assembleia para que uma outra empresa independente faça o cálculo do preço, para saber se houve alguma falha na metodologia do calculo, explica Chinchila.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.