Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Quero investir na Bolsa, mas não entendo nada; por onde começo a investir?

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/10/2022 11h00

Esta é a versão online e integral para a edição desta quinta-feira (6) da newsletter UOL Investimentos. Para assinar este e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui. Quem assina o UOL ainda recebe duas newsletters exclusivas sobre investimentos.

O mercado financeiro teve o ingresso de uma grande quantidade de investidores nos últimos anos. Segundo dados da B3, o número de pessoas físicas na Bolsa de Valores brasileira passou de 700 mil para 4,4 milhões, um salto de 450% entre 2018 e o primeiro semestre de 2022. São cerca de 5,2 milhões de contas - há quem tenha mais de uma conta.

Entretanto, quem está dando os primeiros passos na Bolsa deve ter cautela e analisar com calma a perspectiva antes de investir. Veja abaixo os produtos e as dicas de especialistas consultados pelo UOL para os novatos na B3.

Quais são os melhores investimentos para iniciantes na Bolsa? O analista de investimentos da Rico, Antonio Sanches, diz que os fundos de investimentos, os fundos imobiliários e os ETFs (Exchange Traded Funds, que são fundos atrelados a algum índice, como o Ibovespa ou a Nasdaq) representam boas opções para quem deseja dar os primeiros passos e adquirir conhecimento na Bolsa.

Em comum, esses ativos oferecem ao investidor a possibilidade de delegar a um gestor experiente a responsabilidade de encontrar as melhores opções do mercado com foco em rentabilidade. Dá para investir com valores baixos, de R$ 10 a R$ 300. Entretanto, existem alguns detalhes importantes em cada um deles.

Quais são as diferenças entre eles? No caso dos fundos de investimento, eles funcionam como uma espécie de "condomínio" de investidores. O gestor pode aplicar os recursos em ativos como CDBs, ações ou derivativos, como o dólar e commodities. Os ganhos são compartilhados entre os detentores das cotas. Hoje, há fundos no mercado por a partir de R$ 100.

Por sua vez, os ETFs replicam algum índice do mercado de ações de forma passiva, como o BOVA11, que segue o Ibovespa, ou o DIVO11, atrelado ao pagamento de dividendos das empresas listadas na Bolsa brasileira. Assim, a diferença para do ETF para o fundo de investimento é que, no caso do primeiro, não há a escolha da composição da carteira. Os ETFs custam por volta de R$ 100.

Por fim, os fundos imobiliários são ativos em que o investidor pode adquirir fatias de empreendimentos como shoppings, escolas, galpões logísticos e salas comerciais, entre outros. Os fundos de fundos imobiliários (conhecidos como FoFs) têm diversos fundos na sua composição e cotas por a partir de R$ 10.

E posso comprar ações diretamente? Para a economista especialista em mercado de capitais, Ariane Benedito, a compra de ações diretas na Bolsa também é uma saída. No entanto, quem não tem entende muito bem como o mercado funciona pode selecionar empresas dos setores de energia, bancos, saneamento e seguros.

"Por característica, os papéis dessas companhias costumam apresentar oscilações menores, o que causará menor desconforto para o investidor que está começando", diz. Ariane afirma, ainda, que ao ter uma ação da empresa, a pessoa pode ganhar tanto com a valorização daquele ativo, como com a distribuição de dividendos (os lucros) das companhias.

Quais são os riscos? Antes de tomar a decisão de investir, o investidor deve verificar qual a perspectiva de futuro daquele ativo. Uma empresa pode interromper a geração de lucro e perder valor de mercado, por exemplo. Já os fundos imobiliários podem encontrar dificuldades de alocação dos espaços em um momento negativo para a economia, o que resulta em redução do valor da cota.

Outro aspecto é a questão da liquidez, ou seja, a disponibilidade dos recursos a partir da venda do ativo. O analista da Rico diz que os fundos de investimentos de ações têm o prazo de 30 dias + 3. Na prática, o fundo continuará passando por oscilações durante 30 dias, e, após três dias, o dinheiro entrará na conta do investidor.

Os ETFs e fundos imobiliários possuem uma dinâmica um pouco diferente. Como são negociados diretamente na Bolsa, o investidor pode comprar ou vender em até dois dias úteis.

Tem taxa? Entre as taxas cobradas pelos gestores, há a taxa de administração e a taxa de performance. Ambas são cobradas sobre a rentabilidade, sem que o investidor perceba o desconto.

Atualmente, a taxa de administração fica em torno de 2%, o que pode variar. Normalmente, a taxa de performance é fixada sobre toda a rentabilidade que exceder a média do mercado, podendo variar entre 10% a 20% do total. Dividendos de FIIs e de ações são isentos de imposto de renda.

Vou ganhar dinheiro logo? Antonio Sanches, da Rico, afirma que antes de investir é necessário alinhar bem as expectativas. É que os investimentos em Bolsa são recomendados para quem tem uma mentalidade de retorno a longo prazo. "Eles costumam ser rentáveis no longo prazo, mas muito imprevisíveis a curto prazo", diz.

Assim, é comum quem não tem tanta familiaridade com o mercado abandonar os investimentos em um período de baixa, deixando de aproveitar os bons retornos dos ativos. Por isso, Sanches afirma que ao fazer aplicações na Bolsa, o investidor deve ter em mente que passa a ser sócio daquele negócio, seja um fundo de investimentos ou ações de empresas. No caso das companhias, elas levam um tempo para apresentar resultados, crescer e aumentar o market share (participação total em determinado setor).

É importante, ainda, ter uma boa reserva de emergência - um montante entre seis a 12 meses do salário daquela pessoa. Dessa forma, o investidor não precisará se desfazer de nenhum ativo em casos de imprevistos, evitando a venda em um momento de baixa.

Outro ponto é iniciar com uma parcela pequena do patrimônio, e aumentar a participação conforme o investidor adquira mais experiência, diz Benedito.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.