Dona das Casas Bahia muda de nome, mas não convence mercado; e agora?
A Via mudou de nome, de novo. A empresa, que era Via Varejo, mudou para Via em 2021. Agora, passou a se chamar Grupo Casas Bahia na Bolsa de Valores de São Paulo. Os ativos, que operavam como VIIA3, agora são negociados pelo ticker BHIA3. Mesmo assim, especialistas dizem que apenas essa mudança não deve mudar o humor dos investidores em relação à empresa, que é dona das Casas Bahia, Ponto e Extra.com.br.
Mudança de nome não vai mudar números. "Acho que o nome grupo Casas Bahia talvez até faça mais sentido. Ma não creio que isso tenha impacto nas ações. Não vai mudar os números da empresa", afirmou Vitorio Galindo, analista de investimentos da Quantzed.
Pode atrair outros investidores. O objetivo da troca, segundo Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, é atrair o investidor que gosta de varejo. "A troca aproxima a parte corporativa do investidor de varejo, melhora a familiaridade, o apelo do papel junto a esse investidor pessoa física que gosta de companhias de comércio", diz ele.
Empresa quis arrecadar R$ 1 bilhão, mas foi um fracasso
O grupo quis levantar R$ 1 bilhão no mercado. Com uma oferta primária de ações, iria vender 778,65 milhões de ações adicionais a R$ 1,28 cada no último dia 13. Mas o mercado não achou que a ação valia tanto, e a empresa conseguiu levantar apenas R$ 623 milhões Ou seja, o valor pago foi de R$ 0,80 por papel.
Com isso, o valor de mercado da empresa desabou. Na segunda-feira (25), os papéis despencaram 13,2%, para R$ 0,59, o pior desempenho da empresa na Bolsa há pelo menos uma década, segundo o site Investing.com.
As ações estão despencando. Desde o fim da oferta de ações, no dia 14, as ações caíram 33,33%, considerando o fechamento do dia 26, segundo a Economatica. Desde o começo do ano, o papel da empresa já perdeu 75% do valor. Na terça-feira (26) fecharam em alta de 1,69%, a R$ 0,60. O valor de mercado hoje é de R$ 1,42 bilhão
Por que caiu tanto?
O mercado não viu a oferta de novas ações com bons olhos. A companhia sinalizou aos investidores que estava precisando captar mais dinheiro a qualquer custo, segundo os analistas da BB Investimentos. A companhia devia ter esperado que o mercado visse os primeiros sinais positivos decorrentes do plano de transformação publicado em agosto antes de fazer a oferta, publicou o banco.
Além disso, existe muita desconfiança em relação à administração do grupo Casas Bahia. Em março, Roberto Fulcherberguer, que estava à frente da empresa desde julho de 2019, saiu para dar lugar a Renato Franklin, que era presidente da locadora de veículos Movida (MOVI3). O cenário econômico - com juros altos e consumidores endividados - também não ajuda, explica Phil Soares.
Teve prejuízo. No segundo trimestre deste ano, a companhia teve prejuízo de R$ 492 milhões, revertendo o lucro de R$ 6 milhões do mesmo período de 2022. A receita líquida da varejista ficou em R$ 7,4 bilhões, pouco abaixo dos R$ 7,6 bilhões do mesmo intervalo do ano passado.
O problema maior é a dívida bruta de R$ 3,7 bilhões. Além de R$ 1,5 bilhão com risco sacado, que é uma operação que antecipa os recebíveis dos fornecedores com a intermediação de instituições financeiras. Nas notas explicativas do balanço, a empresa reporta R$ 8,7 bilhões de empréstimos e financiamentos. Desse total, R$ 5 bilhões são de repasse para instituições financeiras referentes a operações com crediário —um dos motivos da oferta pública de ações.
Rede está em processo de transformação
O plano das Casas Bahia também inclui o fechamento de até 100 lojas. Só da bandeira Casas Bahia, são 900 no total. Tem também a redução de estoques, reestruturação de seu capital e a saída de algumas categorias de produtos.
Além da voltar do nome antigo da empresa, voltou também o ator Fabiano Augusto. Conhecido pelo bordão "quer pagar quanto?", ele foi o garoto propaganda da rede de varejo no início dos anos 2000.
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O BB Investimentos diminuiu o preço alvo para o final de 2024 para BHIA3 de R$ 2,30 para R$ 1,40. Esse valor já é quase o dobro do preço atual de R$ 0,60. O banco rebaixou a recomendação da ação para neutra: melhor não comprar, nem vender. É a mesma recomendação da XP e do BTG.
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