Magazine Luiza chegou à pior cotação desde 2017: devo comprar ou fugir?
A ação do Magazine Luiza (MGLU3) está batendo os valores mais baixos dos últimos anos. A ação chegou a cair para R$ 1,31 no dia 25, e fechou o dia 26 cotada a R$ 1,47. São os menores números desde 2017. No ano, de acordo com a Economatica, o papel teve perdas acumuladas de 46,35%. Mas no último mês, o ritmo de baixa se intensificou, chegando a uma baixa de 30,66%. Sendo um dos papéis mais negociados da Bolsa, muitos podem achar que é uma boa hora para compra. Mas é preciso ter cuidado.
Empresa está com dívidas e prejuízos
A situação financeira da empresa se deteriorou. É o que diz Nilo Galvani, cogestor de portfólio da TM3 Capital, de Curitiba. Os últimos 12 meses renderam R$ 900 milhões em prejuízo para o Magalu. A soma leva em conta o intervalo entre o segundo trimestre do ano passado e o segundo deste. Consumidores endividados, os juros altos e a inflação caem como uma bomba sobre as vendas da empresa - e do varejo em geral.
A empresa está endividada. No segundo trimestre, as dívidas de curto prazo eram maiores que o caixa da empresa, coisa que não acontecia desde 2016. No período, a empresa tinha em caixa R$ 2,5 bilhões, segundo estimativas do TradeMap. As dívidas com vencimento até o fim de 2024, totalizavam R$ 2,8 bilhões. Magalu solta o relatório do terceiro trimestre no dia 13 de novembro.
Mercado percebe que está mais arriscado investir
O mercado percebe que o risco aumentou, já que Magalu está pagando caro para quem comprar títulos da dívida da companhia. O Magalu está pagando a variação do CDI, que ainda está alto, mais 8,5% por suas debêntures. As debêntures são títulos de dívida de uma empresa, emitidos quando ela precisa levantar dinheiro. Na data do vencimento, a empresa devolve com juros o que o investidor pagou pelo título.
A taxa que o Magalu está oferecendo é muito alta e representa risco. O mercado interpreta que, quanto maior a taxa, pior é a situação financeira da companhia. A média que as empresas pagam por suas debêntures, segundo Galvani, é a variação do CDI mais 2,30%. "Por isso o mercado começou a vender MGLU3 nos últimos dias e o preço da ação vem caindo", diz o analista.
O valor de mercado atual de Magalu está em R$ 9,88 bilhões. Em maio de 2020, a empresa chegou a valer R$ 184 bilhões. As ações da Magazine Luiza (MGLU3) alcançaram o seu preço máximo histórico em 5 de novembro de 2020. O valor ajustado pelos proventos, como dividendos e juros sobre o capital próprio, chegou a R$ 27,40, de acordo com levantamento feito pelo consultor Einar Riveiro. A queda é de quase 95% desde o auge histórico.
Queda nos juros ainda não impulsiona ações
Apesar dos dois cortes na Selic, os efeitos ainda não foram sentidos pelo varejo. "A economia real demora para sentir os efeitos da queda. Tem uma lacuna de tempo. O que o varejo está sentindo agora é a taxa de juros terminando de subir", diz Galvani. Além disso, mesmo com as quedas, a taxa é alta. Mesmo com dois ciclos de baixa, a Selic está em 12,75%. Descontada a inflação, ela é de 6,68% ao ano, uma das maiores do mundo.
Além disso, a confiança do consumidor vem caindo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou 3,8 pontos em outubro, para 93,2 pontos, o menor nível desde junho deste ano. "A queda em outubro mais do que anulou totalmente o aumento de agosto a setembro e interrompeu uma sequência de cinco aumentos mensais consecutivos", observou o Goldman Sachs, em relatório.
Situação vai melhorar para Magazine Luiza?
No curto prazo, não. É o que diz Vitorio Galindo, analista de investimentos e chefe de análise fundamentalista da Quantzed. "Para a situação melhorar, dependemos da situação da taxa de juros do país e da estrutura de capital da Magalu. Então, acho que não está tão fácil", afirma.
Mesmo com Black Friday e Natal pela frente, a coisa não está boa. Essas são datas muito importantes para o varejo - historicamente, o último trimestre do ano tem os melhores resultados. "Não vai ser suficiente para melhorar. Nem mesmo no ano que vem", diz Galvani.
O que fazer com as ações?
Para Galindo, o ideal é vender. "Não acho que é a hora de comprar. Apesar de o preço ter caído muito, é uma empresa que era extremamente cara. E ainda assim, continua bem cara", afirma ele.
A XP não recomenda compra, nem venda.
O BTG, porém, recomenda a compra. Para o banco, a ação tem potencial de chegar a R$ 6 em 12 meses. A Genial também aposta na ação e fixou o preço alvo em R$ 4,50.
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